15 de abril de 2016

Francamente, acho que o Bloco de Esquerda peca por não ir até onde deveria ir. Dever esse que é de todos os supremos defensores do politicamente correcto asséptico, como se quer nos dias de hoje. Pessoalmente acho que se trata de um caso de “revolucionarismo reprimido”, mas agora não estamos aqui para falar dos humores psico-emocionais latentes do Bloco.

O facto é que, lendo o Projecto de Resolução nº247/XIII/1ª, constatamos a notória falta de empenho do Bloco (e a incapacidade de não dar erros ortográficos ou escrever sem gralhas abismais). Várias vezes aludem ao Conselho de Ministros, numa clara e negligente falta de consideração pelas ministras Maria Manuel Leitão Marques, Constança Urbano de Sousa, Francisca Van Dunem e Ana Paula Vitorino.

No entanto, o mais grave é a falha de consistência ideológica latente, que demonstra a falta de coluna vertebral para defender o que realmente interessa. Não é óbvio que para a efectiva «eliminação do sexismo na linguagem e a promoção de uma linguagem que reflita o princípio da igualdade de género» o problema está efectivamente no sexo e no género? Uma linguagem nunca deixará de ser sexista sem abolir a referência ao género. No fundo o género em si mesmo «não respeita a identidade de género». Só se pode garantir a independência da identidade de género abolindo o género! Já demonstrámos, sem margem para dúvidas, que não é o órgão sexual que define o género, como se passou até agora, nessa obscura idade média vivida desde os primórdios da humanidade até ao dia em que o BE entrou na Assembleia da República. O género é produto da complexidade do ser e como tal não pode ser espartilhado em compartimentos ideológico-refractários! O género ou é um contínuo de valores, ou tem de deixar de existir!

Para tal proponho a seguinte solução: acabemos com o género na linguagem! Assim sendo:

  • os artigos definidos “a” e “o”, “as” e “os” desaparecem dando lugar a “ê” e “ês”;
  • os artigos indefinidos “um” e “uma”, “uns” e “umas”, desaparecem dando lugar a “ên” e “êns”;
  • os substantivos, adjectivos e pronomes impregnados de género devem ser purgados das suas terminações discriminatórias que serão substituídas por “e” ou “es”. Por exemplo:
    • “carro” passa a “carre”
    • “outros” passa a “outres”
    • “num” passa a “nên”

Aqui ficam alguêns exemples dê nove linguagem revolucionárie:

  • Ê Marie e ê Manuele foram comprar rebuçades e outres guloseimes a ên café lá dê bairre.
  • Ê Conselhe de Ministres deliberou ên projecte de resolução em que se delibera ên nove regime contributive para ês contribuintes que dêem êm donative para ês selecções nacionais de futebol e pole aquátique.

Sugere-se que ê nove lei seja apresentade aês portugueses peles embaixadores Pedre Paulete e Jorge Jesus.
Saudações revoluvionáries.

15 de abril de 2016

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