23 de setembro de 2013

No Público de Sexta-feira vinha um esperançoso artigo intitulado “O português conquistou a Internet, agora quer ser língua oficial nas organizações internacionais”.

Na Internet, o português já é a quinta língua mais usada. Nas redes sociais – Facebook e Twitter – é a terceira. Também alcançou esse ranking, terceiro mundial, nos negócios de gás e petróleo, em grande parte graças a Angola e Brasil. Entre as áreas a conquistar, estão a ciência e a diplomacia.

“Conquistou a Internet?” “Em grande parte?” – Digo que o artigo é esperançoso para não dizer fantasioso. Sim, se formos pelo número de falantes até podemos ser a quinta língua mais usada na internet (graças aos brasileiros). E depois? O número absoluto de falantes é, claro, importante, mas a não ser que haja uma revolução de natalidade, pouco poderemos fazer contra o inglês, o cantonês e o mandarim, ou mesmo o espanhol.

Um exemplo – perguntem à Siri que línguas fala:

Línguas da Siri

O português provavelmente vem a caminho, mas a pressa é muito pouca. E para os que acham que a Apple é elitista e não quer saber dos pobrezinhos, a Google demorou quatro anos a implementar a língua.

Para o bem ou para o mal, aquilo que determina o poder da língua é sobretudo económico, em dois aspectos fundamentais. O primeiro é a economia pura e dura: língua de negócios, língua franca de interesses económicos e financeiros. Goste-se ou não. E é por isso que a Siri fala alemão e francês, coreano e italiano.  O segundo é a cultura: uma presença forte e indispensável. A cultura em si mesmo tem uma dimensão económica – a indústria cultural e turística – mas é muito mais que isso.

Ninguém fora da lusofonia vai conduzir negociações diplomáticas importantes em português. Ninguém vai usar a língua em organismos internacionais. É pura fantasia. Assim como é fantasia tentar usar o português como língua de ciência.

“A língua de ciência a nível mundial é o inglês. Mas isso não significa que outras não se assumam como línguas em que se pode escrever o resultado da ciência realizada”

Há muita coisa a fazer para a ciência portuguesa (ou lusófona) se desenvolver e esta não é, claramente, uma prioriadade. Devemos esforçarmo-nos por divulgar ciência em português? Claro que sim, mas os esforços tem de ser bem medidos e alocados. O mesmo se tem de passar na cultura: há que preservar e desenvolver o que resta dos nossos créditos históricos e do respeito que algumas das outras civilizações (nomeadamente as Orientais) ainda têm por nós. Há que aliar isso aos esforços económicos. Há que ter uma política coerente de ensino e promoção da língua, que não pode flutuar ao sabor de governos e nomeações e que, a ser considerada prioritária, não pode ser abandonada à menor dificuldade.

A cultura da língua portuguesa só será defendida se se promover a cultura dos que a falam. Apoiar, criar e divulgar o que se faz no nosso país (e no resto da lusofonia). Com trabalho, inteligência, estratégia e qualidade a conquista da língua virá de seguida. E o mais curioso é que esse trabalho até pode (deve) ser feito em inglês, ou mandarim, ou francês, porque para já, se não fôr, poucos o entendem.

23 de setembro de 2013

20 de setembro de 2013

Pela costa do Pacífico acima, entre Los Angeles e a São Francisco, e porque seguíamos na companhia de uma pessoa não portuguesa, íamos procurando os vestígios da emigração lusa. No meio de tanto espanhol é difícil, mas imbuídos dum nacionalismo jocoso lá íamos tentando desencantar raízes. Tudo começara com Juan Rodríguez Cabrillo, ou antes, João Rodrigues Cabrilho, o primeiro explorador europeu da costa californiana, ainda que ao serviço de Espanha, cujo nome designa a porção da estrada US 1 ao longo da costa entre Santa Barbara e São Francisco.

A certa altura essa pessoa sugeriu que se parasse na Duarte’s Tavern – porque já tinha ouvido elogios – para irmos comer uma das famosas tartes. Duarte – não é nome que possa ser espanhol. Pelo menos não nos veio nenhum Duarte espanhol à cabeça, pelo que tinha de ser português. A história da taberna, que tenhamos visto, não mencionava grande coisa sobre uma possível luso-descendência – algo estranho, já que as comunidades emigrantes tendem a assumir-se com orgulho, pelo menos quando já estão bem integradas. Sabíamos que existe uma enorme comunidade luso-descendente na costa Oeste – menos concentrada, geograficamente, que a da Nova Inglaterra, mas quase tão grande – e olhando para os retratos das quatros gerações de Duartes que desde 1894 gerem a taberna, não havia grande margem para dúvidas. A confirmação veio com um retrato: cowboys, numa fotografia a preto e branco do final do século XIX ou início do século XX, uma dúzia deles, todos alinhados e com os nomes escritos por baixo. Além de Duartes, havia Bettencourts e os famosos Enos. Lembrei-me da história do professor Onésimo, que aqui segue:

Causou-me sempre espécie o facto de encontrar nas listas telefónicas de Fall River, New Bedford e Providence o nome Enos (com o). A princípio julguei tratar-se de mais um erro de ortografia, possivelmente por culpa do burocrata dos serviços de emigração, como aconteceu com Cardoza, Oliviera, Viera, Ferriera, Mediros, entre tantos outros. A minha surpresa surgiu quando descobri que as famílias que conheci com esse nome eram de origem micaelense. Ora, em São Miguel, «Enes» não é um nome vulgar e nem sei mesmo se existe. Conheço-o na Terceira, no Pico e em São Jorge, mas não em São Miguel. Há meses, numa conferência da série que o Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Universidade de Brown promoveu sobre a história da presença portuguesa nos Estados Unidos, encontrei um luso-americano reformado (engenheiro, esteve destacado na base aérea das Lajes na década de 50), que dedica muito do seu tempo livre a investigar vestígios da presença portuguesa na América do Norte. A propósito, referi-me de passagem ao facto de os portugueses já não mudarem de apelido, como faziam antigamente, muitas vezes a seu próprio pedido. «Não é verdade!» – reagiu o senhor Amaral. «Ainda há meses chegou aqui uma família de São Miguel, e os familiares, que já cá estão há muitas décadas, disseram-lhes que deveriam mudar o apelido, porque em inglês o que correspondia ao seu apelido português era “Enos”». Perguntei então ao meu interlocutor: «E qual era o apelido português dessa família?» «Inácio» – respondeu-me.

Caí em mim e naquele momento resolveu-se-me o mistério: «Enos» deveria ser nada mais nada menos do que a transcrição fonética de «Inácio» pronunciado à micaelense «Inóce», que terá naturalmente sido como o funcionário da imigração americana há muitos anos registou por escrito o som que lhe foi transmitido por alguém da família e que, como era comum, provavelmente não sabia escrever, daí ter simplesmente ditado o nome.

Onésimo T. Almeida, Comunidades portuguesas dos Estados Unidos; identidade, assimilação, aculturação

Para quem tiver interessado sobre a história da taberna, uma peça da NPR aqui. E as tartes eram mesmo boas!

[Foto: Frank e Maria Duarte, emigrantes portugueses que em 1894 compraram por doze dólares em ouro um terreno em Pescadero, CA, que incluía uma taberna. via NPR da Colecção da Família Duarte]

20 de setembro de 2013

9 de setembro de 2013

No ano passado, perante o desfasamento entre o número de candidatos ao Ensino Superior e as vagas disponibilizadas, fiz uma pequena análise para perceber a capacidade de prever o número de estudantes no Ensino Superior através da natalidade. Desse modo talvez se pudesse dimensionar melhor a oferta de vagas. Fiz um modelo para prever o número de alunos que termina o ensino secundário a cada ano, mas concluí que esse parâmetro por si só não é suficiente:

Desta forma, este parâmetro não é suficiente para prever o número de vagas a serem criadas, já que à medida que o grau de instrução da população aumenta – de forma idêntica ao que aconteceu com o ensino secundário – prevê-se que aumente a proporção de alunos que procura o ensino secundário. Assim, a baixa de natalidade é contrariada por aumento da percentagem de alunos que prosseguem os estudos.

No entanto, o parâmetro serviu para olhar para o número relativo de vagas e candidatos por aluno que termina o secundário e daí extrair algumas considerações. Além disso, observei que há uma enorme correlação entre o número de candidaturas e a média do exame de matemática A. Na altura fiz as seguintes previsões:

  1. o facto de ter havido o programa “Novas Oportunidades” não se traduz em mais pessoas a procurar o ensino superior. Não vimos aumento devido aos que certificaram o secundário e não veremos, também, aumento nos próximos anos, devido aos que certificaram o básico e que teriam, posteriormente, completado o secundário.
  2. não havendo alteração de dificuldade dos exames/programas, teremos uma estabilização do número de candidatos em cerca de 45.000/ano até 2017 (cerca de 40% da população que acaba o 12º ano), por ventura ainda um ligeiro decréscimo para o ano. Esta minha previsão significa que o único factor de aumento da proporção dos alunos que prosseguem estudos superiores tem sido exclusivamente a dificuldade dos exames. Em particular, não vejo influência da conjuntura económico-financeira, mas o modelo é validado com os dados relativos a 2000–2012 altura em que, verdadeiramente, só nos últimos 2–3 anos as coisas se tornaram realmente más. Há no entanto potencial para ficar pior, o que muito possivelmente faria diminuir o número de alunos que seguem para o ensino superior.
  3. se o número de vagas continuar a variar da mesma forma e, novamente, o grau de dificuldade não variar, a disparidade entre a procura e a oferta vai continuar a aumentar. É possível que isso não se venha a ver, uma vez que já há notícias de congelamento de vagas.

Utilizando o modelo do ano passado (só com valores relativos à primeira fase), vemos uma vez mais que a média do exame de matemática A se correlaciona muito bem com o número de candidatos:

Rácio entre vagas e número alunos que terminam o 12º ano e entre candidatos e número de alunos que terminam o 12º ano. Comparação com as médias da prova de matemática A.
Rácio entre vagas e número alunos que terminam o 12º ano e entre candidatos e número de alunos que terminam o 12º ano. Comparação com as médias da prova de matemática A. As cores de fundo representam “eras” de diferentes graus de dificuldade no exame nacional.

As três previsões essencialmente confirmaram-se:

  1. Continuamos a não ver o programa “Novas Oportunidades” a contribuir para o aumento de alunos no Ensino Superior.
  2. A correlação do número de candidatos com o “nível de dificuldade” do exame de matemática continua a verificar-se, essencialmente nos mesmos termos. É certo que este “nível de dificuldade” pode englobar outros parâmetros. Para referência, a Sociedade Portuguesa de Matemática considerou que o exame teve “um nível de exigência semelhante ao realizado no ano passado”, ao passo que a Associação de Professores de Matemática considerou o exame “bem mais difícil e extenso do que no ano passado”. Não tenho nenhum mecanismo de controlo para despistar se, por exemplo, a conjectura económica influencia directamente o sucesso académico dos alunos, sendo que poria pressão directamente na nota. Custa-me a crer, mas não tenho nenhum controlo para invalidar esta hipótese.
  3. Continuamos a ver a disparidade entre o número de vagas e candidatos a aumentar. Isto deve-se não só ao meu postulado aumento de dificuldade dos exames, mas também é devido à não persecução duma política de racionalização da oferta de vagas. Embora estas tenham diminuido cerca de 1,6%, o número de alunos colocados na primeira fase no ano passado diminui 4,4%. Já no ano anterior o número de colocados na primeira fase tinha diminuido 7,3%, mas as vagas só diminuiram 2,3%. Este ano os colocados de primeira fase voltam a diminuir cerca de 7,4%. Como o gráfico indica, o superavit de vagas continua a engrossar, especialmente tendo em conta o número relativo à pool de possíveis candidatos.

No ano passado o governo impunha que não fossem abertos “cursos com menos de 20 vagas, a não ser que preparatórios de Artes ou resultantes de protocolos internacionais, que não sejam financiados pelo Estado ou quando se prove a sua “especial relevância”, entre outras excepções.” Este ano o Público adianta que “30% dos cursos ficaram com dez ou menos candidatos colocados”.

Claro, nesta notícia do Público há o normal apontar de dedos: o Bastonário da ordem dos engenheiros a dizer que se criaram cursos de engenharia como “cogumelos” – em parte é verdade, mas é mais substancial a quebra de alunos a entrar no Ensino Superior e, se eu tiver razão no que diz respeito à correlação com o grau de dificuldade dos exames, o número de alunos universitários foi artificialmente aumentado entre 2007 e 2010. Podemos comparar os números de 2013 com 2000: as vagas aumentaram 10%, ao passo que o número de candidatos (de primeira fase) é 23% menor. Na altura eram colocados 76% desses candidatos, agora 93%. Posto isto, não há dúvida: há que se redimensionar a oferta.

A segunda voz é a do sindicalista Mário Nogueira que diz que “desde que os governos começaram a fazer aumentar o desemprego dos professores e desvalorizaram as carreiras, criaram um clima de instabilidade e precariedade enormes” para explicar a redução das taxas de ocupação de cursos na área da formação de professores e ciências da Educação. Não digo que não seja verdade, mas mais verdade é aquilo que disse acima: há menos alunos, logo precisamos de menos professores. E basta olhar para o gráfico do número de alunos no ensino básico e secundário – há pouco a fazer com a natalidade que temos.

Resta-me dizer que mantenho as previsões do ano passado para o o próximo ano, sendo que não tenho maneira de tentar adivinhar o tal “nível de dificuldade” dos exames, pelo que não posso dar números concretos.

9 de setembro de 2013

15 de agosto de 2013

A lei da limitação dos mandatos autárquicos é verdadeiramente um espelho daquilo com que contamos da parte de quem nos governa, envolvendo os três poderes: o legislativo, o executivo e o judicial. Não, não somos o único país imperfeito, longe disso, mas aqui está um exemplo que resume muita coisa. A lei foi feita (propositadamente?) de forma pouco clara – nem o Presidente da República sabe o que lá está dito, sendo que foi ele que a promulgou. A Assembleia da República recusa-se a clarificar o espírito da lei. O chefe da maioria e do Governo, pouco faz pelo esclarecimento, porque quase todos os autarcas em dúvida são do seu partido. O chefe da oposição também pouco ajuda, já que no seu caso, não tem quase autarcas envolvidos. Enquanto isto, a semanas das eleições, temos candidatos-autarcas em dúvida sobre se estão em situação legal, ou não, para se poderem candidatar e todos os dias vêm a público decisões judiciais contraditórias, sendo que parece que cada tribunal interpreta a lei de forma diferente.

A corrupção no poder local é um fenómeno grave, num pasto fértil para o florescer do caciquismo e do clientelismo partidário. A lei talvez tenha tido como motivação inicial o combate à corrupção nestes círculos. No entanto não conseguimos chegar à discussão sobre se ela faz sentido como instrumento para tal, já que nem sequer chegamos a uma conclusão sobre que sentido tem o que lá está escrito. E ninguém mexe uma palha para evitar ou resolver este imbróglio que atinge um dos elementos fundamentais e elementares da democracia: a possibilidade de ser eleito e fazer eleger.

15 de agosto de 2013

16 de abril de 2013

in English

Hoje, tinha acabado de chegar a Danijela, vinda de Nova Iorque, e fomos comer qualquer coisa a um tailandês aqui ao pé de casa, em Fenway. O dia estava morno, mas agradável, com a Primavera finalmente a dar um ar da sua graça aqui em Boston. Durante o almoço ouvimos duas explosões. Estranhei. Pensei que fossem de uma construção, embora devesse ter chegado à conclusão de que não podiam ser, já que hoje é um quase-feriado aqui em Boston. É dia de maratona — a maratona de Boston — e durante a manhã houve jogo dos Red Sox. Estava imensa gente na rua a aproveitar o dia. A Danijela, croata, disse que fazia lembrar um canhão que todos os dias, pelo meio-dia, é disparado em Zagreb. Meia-hora depois telefonavam-me de Portugal a saber se estávamos bem. Só aí me dei conta de que tinha havido um atentado na meta da maratona de Boston, a menos de dois quilómetros dali, a dois quarteirões de onde vivia no ano passado, em frente ao prédio do consulado português, na montra duma loja onde já comprei uns óculos. O resto do dia foi deprimente. Não é que a escala do atentado tenha sido enorme, mas qual tiroteio numa escola, foi perpetrado contra pessoas que se reuniam num evento pacífico e de comunhão. Num dia em que quase todos nesta cidade param, saem à rua, apreciam a vida. E agora todos nos sentimos um bocadinho mais inseguros, num mundo que não precisa de mais disto.

16 de abril de 2013   ·   in English

13 de abril de 2013

in English

Eh pá! É Portugal, é Portugal! Mas espera aí… porque é que as luzes em Paris e Barcelona acendem-se depois de Madrid e Lisboa? Afinal a Terra gira ao contrário! Só que a rotação está bem! É o Sol que está confuso? Parece-me que os senhores da Universal estão universalmente baralhados.

13 de abril de 2013   ·   in English

10 de abril de 2013

in English

Harmony, liberal intercourse with all nations, are recommended by policy, humanity, and interest. But even our commercial policy should hold an equal and impartial hand; neither seeking nor granting exclusive favors or preferences; consulting the natural course of things; diffusing and diversifying by gentle means the streams of commerce, but forcing nothing; establishing (with powers so disposed, in order to give trade a stable course, to define the rights of our merchants, and to enable the government to support them) conventional rules of intercourse, the best that present circumstances and mutual opinion will permit, but temporary, and liable to be from time to time abandoned or varied, as experience and circumstances shall dictate; constantly keeping in view that it is folly in one nation to look for disinterested favors from another; that it must pay with a portion of its independence for whatever it may accept under that character; that, by such acceptance, it may place itself in the condition of having given equivalents for nominal favors, and yet of being reproached with ingratitude for not giving more. There can be no greater error than to expect or calculate upon real favors from nation to nation. It is an illusion, which experience must cure, which a just pride ought to discard.

Washington, The Farewell Address

10 de abril de 2013   ·   in English

3 de abril de 2013

Sou emigrante. Em raras ocasiões dou-me ao trabalho de ouver o Telejornal da RTP (Rádio e Televisão Portuguesa, antiga Rádio Televisão Portuguesa). Como gosto de computadores e não tenho televisão, tenho um programa que serve de Media Center, misto de agregador de filmes, séries e outros programas de televisão. Não vale a pena entrar em detalhes técnicos, mas o programa chega-me através duma feed RSS, uma espécie de livro de registos de cada emissão. Basta saber o endereço desse registo e o programa vai buscar cada edição, que fica à minha disposição.

Em meados do mês passado resolvi ver o Telejornal, mas desde o dia 9 de Março que não havia novas edições. Como os meios de comunicação portugueses, salvo raras excepções, ligam peva às modernices e menos respeito têm pelos que as usam, não estranhei: a coisa já tinha acontecido em variadas outras ocasiões. Os senhores julgam por bem mudar o endereço da tal feed RSS e, nem água vem, nem água vai, não avisam ninguém. Serviço público. Protestei no Twitter e alguns dias depois disseram-me que estava tudo noutro sítio. Tudo? Não! É que agora há um endereço novo, não só para a tal feed como para o próprio programa. É que já não é Telejornal. Agora é o Telejornal+ 360º . Pelo menos no mundo da internet, onde até próxima mudança, vai ficar lá o António Esteves de boca aberta. Na televisão parece que ainda é só Telejornal.

O Telejornal é o programa mais antigo da RTP e existe com esse nome desde 1959. Pelo menos aí, não lhe mudam o nome, mas na internet, a sua casa mudou de endereço. Como já tinha mudado em 2012 quando a RTP estreou o novo site. Na BBC o endereço do News at Six é o mesmo desde 2008. Ou o Anderson Cooper 360º, com o mesmo endereço (ou redireccionamento) desde 2003.

No entanto, há que reconhecer: isto é um sintoma de algo mais grave que afecta muitos portugueses, senão todos, especialmente aqueles que têm a seu cargo a direcção de entidades. Cada vez que vem um governo novo, mudam-se nomes a ministérios, por exemplo, o Ministério da Agricultura e afins, desde 1975 já se chamou:

  • 1975 – Ministério da Agricultura e Pescas
  • 1981 – Ministério da Agricultura, Comércio e Pescas
  • 1993 – Ministério da Agricultura, Florestas e Alimentação
  • 1986 – Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação
  • 1991 – Ministério da Agricultura
  • 1995 – Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
  • 2004 – Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas
  • 2005 – Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
  • 2011 – Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT!)

Ora, a mim não me têm deixado em paz. Depois do Telejornal, fizeram-me chegar que o Instituto Camões, “criado para a promoção da língua portuguesa e da cultura portuguesa no exterior” e galardoado em 2005 com Prémio Príncipe das Astúrias para as Comunicações e Humanindades, juntamente com a Alliance française, a Società Dante Alighieri, o British Council, o Goethe-Institut e o Instituto Cervantes, já não se chama instituto Instituto Camões. Não. Agora é Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I. P., abreviadamente designado por Camões, I. P. Não é um bocadinho pessoal demais? Só Camões? Qualquer dia pedem para tratar por “tu”. E claro, toca a mudar de logotipo, papel de carta etc. etc. Na página do instituto podem até consultar a Missão do Camões. O endereço é que teimosamente permanece www.instituto-camoes.pt. Escusado será dizer que a Alliance française tem o mesmo nome desde 1883, data da sua criação, a Società Dante Alighieri, desde 1889, data da sua criação, o Goethe-Institut desde 1951, data de formação para substituir a nazificada Deutsche Akademie, o British Council desde 1936, altura em que a sua designação foi encurtada do British Committee for Relations with Other Countries com que havia sido criado dois anos antes. E por aí adiante.

Dias depois, ouvia rádio portuguesa enquanto lavava os dentes e a meteorologia, segundo consta, já não é dada pelo Instituto de Meteorologia que me era familiar aos ouvidos. Não, agora é o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Parece que já é novidade do ano passado, mas tenho estado distraído. Instituto de Meteorologia era o nome desde 1993, porque anteriormente, em 1973, a entidade tinha sido rebaptizada de Serviço Meteorológico Nacional (designação com que havia sido criada em 1946) para Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica. O mais curioso é que o Mar e Atmosfera são objecto de estudo da… Geofísica! E claro, em para consumo doméstico “nacional” ou “português” é a mesma coisa. Toca a mudar de logotipo, papel de carta etc. Ao menos o www.meteo.pt já aponta para o www.ipma.pt. Hmmm… e agora, vale a pena dizer? Cá vai de rajada: Norske Meteorologiske Institutt (1866), Deutscher Wetterdienst (1952), National Weather Service (1970), Meteorological Office (1854) condensado para Met Office. Os espanhóis já são mais como nós.

Se quiserem mais alguns exemplos, mais logotipos e papel de carta:

  • o Instituto dos Museus e da Conservação, I. P., híbrido de 2007 que agregou o Instituto Português de Museus e Instituto Português de Conservação e Restauro. Claro, o nome tinha de mudar. Mais logotipos e papel de carta. O endereço de internet é que teimosamente continua como www.ipmuseus.pt;
  • o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I.P., híbrido de 2007 que agregou o Instituto Português do Património Arquitectónico e Instituto Português de Arqueologia. Claro, o nome tinha de mudar. Mais logotipos e papel de carta;
  • claro que o acima mencionado IPPAR, já tinha sido uma redenominação de 1992 do Instituto Português do Património Cultural, fundado em 1980. Mais logotipos e papel de carta;
  • o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana que em 2007 deixou de ser o Instituto Nacional de Habitaç…

aaaaaaahhhhhhhhh!

3 de abril de 2013

25 de outubro de 2012

Antes de começar, dois pontos:

  1. Claro que não é preciso ter curso para se ter sucesso na vida. Por experiência e pelo que tenho visto no mundo, a dedicação, persistência e capacidade de trabalho são factores mais importantes do que a formação académica per si. É certo que determinadas profissões necessitam de conhecimentos técnicos que geralmente se obtem através dos meios educacionais convencionais e que quem tem curso superior, estatisticamente, tem melhor condições de vida do que os que não possuem curso superior. Mas não é por termos curso que nos tornamos melhores seres humanos.

  2. De forma também pouco científica, conjecturo que o pior que se tem passado na educação em Portugal não é a má qualidade dos conteúdos e conhecimentos que os alunos adquirem (embora isso seja um dos problemas), mas sim a forma como os adquirem, juntamente com a progressiva degradação da valorização do trabalho e da responsabilidade.

Posto isto, comecemos. Vinha no Público, Visão e outros que tais, uma notícia acerca dum novo livro: “Faz o curso na maior – Estuda o mínimo, vive ao máximo”. Fiquei nervoso assim que li a entrevista aos autores e mais ainda quando passei os olhos pelo capítulo que a LeYa disponibiliza livremente. Não li mais, já que o livro só saiu recentemente, mas, mesmo que pudesse, não queria que os autores ganhassem dinheiro meu à custa deste livro.

É possível que os autores respondessem a esta crítica afirmando que não faço parte do público alvo do livro. No liceu era, para alguns, marrão, na faculdade já nem tanto, e vim fazer o doutoramento para o MIT, a Meca dos nerds. Nunca fui aluno brilhante ou genial, mas fui muitas vezes muito bom aluno. Isto tudo para dizer que gostava de estudar, tinha os meus métodos, tinha relativamente boas notas. Nunca fui anti-social, mas também não era das pessoas mais sociais (em que muito social, na minha interpretação lata do livro, é aquele que vai às festas todas). Simplesmente não faz parte do meu feitio. Mas ter que estudar, na faculdade, não me impediu de ir a ocasionalmente a festas ou noitadas (cheguei a dar uma cabeçada num porteiro do Kremlin!) ou de fazer outras actividades extra-curriculares que penso terem enriquecido a minha vida.

O livro, cujo primeiro capítulo é narrado pelo Nuno Ferreira, baseia-se num princípio: que a universidade está longe de ser unicamente para se estudar, i.e., há muitas outras coisas para aprender nessa altura da vida e uma grande parte dela está fora das salas de aulas, fora dos livros. Para se alcançar isto, oferece um método para todos aqueles que ou não gostam de estudar, ou que pensam que gastam muito tempo a estudar: a universidade é um sistema com regras e como todos os sistemas, pode ser manipulado e suas regras dobradas. E a promessa é lançada (realce meu):

Eu também ouvi tudo isso e a todos respondi da mesma forma: com resultados. É possível conciliar sucesso social com sucesso académico. Não tens de ser um cromo para tirar um curso com boas notas. Não tens de abdicar de nada. Tens apenas de te organizar e de alterar a forma como estudas. Se gostas de curtir à grande vais ter de estudar à grande também. E vais ver que não custa muito. Não importa o “quanto” estudas, mas sim o “como” estudas.

O Nuno atira-nos com as suas credenciais académicas e profissionais para dizer que sim, que é possível: não tens de abdicar de nada. O livro é escrito num tom coloquial, amigável, tu cá, tu lá com o universitário que o estará a ler. “Curtir”, “chato”, tudo palavras apropriadas para os agitados tempos modernos de quem não pode pegar em dicionários.

Assisti a metade das aulas da cadeira e comecei a estudar cinco dias antes do exame. Percebi que os exames dos anos anteriores eram todos muito semelhantes e por isso apostei que o do meu ano não fugiria muito ao estilo. Concentrei-me nas perguntas que tinham saído mais, mecanizei respostas e acabei por ter 18 valores.

É possível passar às cadeiras sem ter de estudar durante o semestre. Sim, é possível “deixar tudo para a última hora” ou “apanhar o comboio a meio da viagem”. O segredo está no método de estudo e na definição de prioridades.

Lembra-te que não tens de saber tudo. Tens apenas de saber responder às perguntas do exame. E isso faz toda a diferença.

O Nuno diz ter o segredo, exemplificado acima – há que saber manipular o sistema. A universidade “mede” o nosso desempenho através de exames portanto ter sucesso na universidade depende única e exclusivamente de termos boas notas nos exames. E para isso, em larga medida não é preciso saber a matéria testada nos exames, é apenas necessário acertar nas respostas. E como os professores são, em larga medida, preguiçosos e dão sempre variações do mesmo exame, basta pegar em exames antigos e há uma grande probabilidade de sabermos aquilo que vai ser perguntado. Assim podemos passar o resto do semestre a enriquecer a nossa vida com outras coisas fundamentais. Para quê gastar tempo em coisa chatas e maçadoras?

Além disso, uma boa parte dos professores universitários não sabe ensinar. Não sabem dar aulas e não te vão ajudar durante as aulas. Não porque eles não queiram, mas porque simplesmente não conseguem. Muitas aulas não são mais do que 90 minutos em que o professor enumera aquilo que escreveu num powerpoint ou se limita a debitar monólogos que podes facilmente encontrar num livro ou numa sebenta.

É verdade, há muitos professores que são maus professores. Muitas cadeiras que não têm interesse nenhum, cursos inteiros com qualidade zero. Então para que servem? Em muitos casos para nada – o Nuno tem razão. Mas tudo isto deixa-me triste. A universidade deveria ser um espaço de comunhão de conhecimento, onde os alunos tivessem gosto em explorar coisas novas, onde pudessem ter relações produtivas com os seus professores e instrutores, onde pudessem integrar projectos interessantes, onde tivessem espaço para expandir a sua criatividade e ganhar ou expandir a sua sede de conhecimento.

Como professor, o que esperava do Nuno é que estivesse a contribuir para eliminar os defeitos que identifica na vida académica e a tornar a universidade num sítio melhor.

E hoje tenho muitos alunos que conseguem passar às cadeiras que eu lecciono sem ir às minhas aulas. Eles sabem o programa e conhecem a bibliografia. Estudam, vão a exame e passam.

Infelizmente o Nuno diz que para muitos alunos ele próprio tem pouca utilidade na sala de aulas; presumimos que tendencialmente cada vez menos se o seu livro tiver sucesso. Infelizmente o Nuno gasta o seu tempo a escrever um livro destes e não a criar aulas a que os alunos queiram não faltar. E como qualquer livro de auto-ajuda faz grandes promessas, mas o quase milagre – não tens de abdicar de nada – não é simples de alcançar – há que trabalhar:

Ninguém é licenciado sem trabalho (a menos que sejas um ministro com grande experiência profissional e capacidade de influência para conseguir equivalências a umas quantas cadeiras).

Tendo em conta que o Nuno é professor na mesma prestigiada instituição que atribuiu o grau ao ministro Relvas, talvez um bocadinho de decoro fosse apropriado. Ainda assim, sendo que muitos dos conselhos do livro passam por tentar dar a volta ao sistema, fiquei surpreendido que àquela frase não tenha seguido ”mas se tiveres essa capacidade de influência, usa-a!".

Em parte esse trabalho materializa-se em usar o trabalho dos outros:

Acabei por fazer a cadeira com 13 valores estudando apenas pelas fotocópias dos acetatos e por uns resumos que me arranjaram. Nem toquei no livro.

Raramente estudava pelos livros recomendados, porque sabia que alguém já os tinha lido e havia algures uns apontamentos resumidos com a matéria que era preciso saber.

Ou seja: nem todos podemos ser como o Nuno. Há que haver uns tansos que providenciem os resumos. Mas não se preocupem, o Nuno advoga a partilha de informação em todas as direcções, inclusive algumas que, mais uma vez, se conseguem manipulando as regras do sistema:

Quando os professores não deixam levar o teste para fora da sala, podes sempre tirar uma fotografia discretamente. Se chumbares, vais ter o enunciado para estudar. Aproveita e partilha a foto com os teus amigos (não te esqueças de tirar o som, para que o teu professor não oiça a máquina a disparar…).

Nos tempos que correm, com elevados níveis de corrupção e da manipulação do sistema que é o nosso mecanismo estatal, não só é de mau tom promover a chico-espertice, como, em minha opinião, é irresponsável e anti-patriótico. Como se diz aqui nos EUA, a apologia da jerk ethic em vez da work ethic.

Há coisas que o Nuno diz que são verdade. Já falámos da má qualidade de muita da oferta académica. E é verdade que a universidade é um local privilegiado para estabelecermos relações importantes na nossa vida, seja a nível pessoal, seja profissional. Há quem leve isso muito a sério: aqui nos Estados Unidos vejo pessoas que pagam mais de 50.000 dólares por ano de propinas para, entre outras coisas, terem acesso a redes de contactos que por certo lhes tornaram a vida mais fácil no futuro. Mas há coisas que o Nuno diz que são, na minha opinião, profundamente falsas:

Mas a esmagadora maioria dos cursos (Direito, Gestão de Empresas, Engenharias, Ciências Sociais) podem ser feitos começando a estudar algumas semanas ou mesmo dias antes do exame.

Claro que isto depende da definição do que é “fazer um curso”. Se é chegar ao fim e ter um diploma com uma nota satisfatória, sim, talvez seja possível em muitos casos. Mas se fazer um curso for ganhar um conjunto de conhecimentos e métodos de interagir com o mundo à nossa volta, mais ao espírito da definição de Universidade, então a coisa torna-se mais difícil. O meu curso é o de Física e garanto-vos que não sabem nada se só estudarem uns dias antes dos exames. Mais, basta que o modo de ensino mude um pouco para o conselho ser inútil: se os professores derem trabalhos todas as semanas, deixa de se poder estudar só na véspera do exame. Outro exemplo (especialmente eficaz em disciplinas que não ciências exactas): um professor que forneça aos alunos, antes do exame, sete perguntas, três das quais saem na prova. Claro que um aluno pode tentar arriscar, e só preparar três ou quatro das respostas, mas aí a probabilidade de ter nota negativa aumenta muito. Se as perguntas forem bem desenhadas, então os alunos ao prepararem-se terão de estudar toda a matéria (o que não quer dizer que isso não possa e deva ser feito de forma eficiente) e não interessam nada os esquemas para se tentar obter os enunciados. Mas voltando à questão do que é fazer um curso, para que serve a universidade. Se a função das universidades for apenas dar canudos… para quê existirem? Doutro livro:

Some say we [the United States of America] couldn’t have reversed the consequences of globalization and technological change. Yet the experiences of other nations, like Germany, suggest otherwise. Germany has grown faster than the United States for the last 15 years, and the gains have been more widely spread. While Americans’ average hourly pay has risen only 6 percent since 1985, adjusted for inflation, German workers’ pay has risen almost 30 percent. At the same time, the top 1 percent of German households now take home about 11 percent of all income — about the same as in 1970. And although in the last months Germany has been hit by the debt crisis of its neighbors, its unemployment is still below where it was when the financial crisis started in 2007.

How has Germany done it? Mainly by focusing like a laser on education (German math scores continue to extend their lead over American), and by maintaining strong labor unions.

The Limping Middle Class, Robert Reich

E agora, a teoria subjacente:

Quem aplica o conceito 80/20 na sua vida, seja a nível pessoal ou profissional, consegue melhores resultados com menos esforço (…).

O que o princípio 80/20 diz é que os ganhos marginais requerem grandes investimentos. E é certo que na maioria dos casos é pouco ou nada eficiente tentarmos o perfeccionismo, gastando muitos recursos para ganhos muito pequenos. Mas este princípio é fácil de ser mal compreendido e manipulado, um bocadinho à semelhança daquelas historietas do Einstein ser mau aluno, e por isso qualquer pessoa pode ser um génio, ou de que o Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg desistiram dos cursos, por isso estes não servem para nada.

O Cristiano Ronaldo era apanhado no ginásio à meia-noite a dar toques na bola com pesos nos pés. Na Facebook, as celebrações que Zuckerberg promove quando atingem marcos importantes são maratonas de programação, não festas de cocktails. Claro que nem todos almejamos ser os melhores do mundo, mas reparem, cada vez que entram num avião aposto que esperam que 100% das peças estejam a funcionar bem e sem defeitos…. não apenas 80%. Além de que os 80/20 aplicam-se em distribuições com invariância de escala. Um exemplo: 20% da população detem 80% da riqueza. Mas de entre esses 20%, 20% deles têm 80% desses 80% da riqueza. Isto é equivalente a dizer que 4% da população detem 64% da riqueza.

Não tens de estudar durante o semestre mas apenas concentrar-te nas quatro semanas antes do exame (20% do tempo de um semestre lectivo). (…) Como podes ver, 80% da tua nota (16 valores) vai depender de 20% do esforço, tempo e dedicação que vais empregar nos teus estudos.

Se aplicarmos a invariância de escala, então significa que se só estivermos interessados em 80% desses 80% só precisamos de extudar 20% desses 20%. Ou seja, consegue-se uma nota de 12.8 valores (13), com apenas 5.6 dias de estudo. Ou para passar com apenas um 10.2 (51.2% do resultado)? Bastam 1.1 dias de estudo (0.8% do esforço)! Parece-vos razoável?

Dou-vos um outro princípio, ouvido por aí, e em directa contradição com o não tens de abdicar de nada: na vida real, para cada coisa que tens ou fazes só podes escolher duas das três características: bom, rápido e barato. Um curso rápido e barato (aqui relativo a investimento de esforço e não monetário)? É quase de certeza de má qualidade.

Em conclusão: eu não tenho uma vida que, ao contrário do Nuno, dava um livro. Por ventura aos olhos de muita gente serei aborrecido e desinteressante e não terei a capacidade de escrever coisas “do caraças”. Por isso não liguem ao que eu digo, leiam o livro do Nuno e aproveitem o tempo livre que ganharam com este método para realizarem os vossos sonhos, para alcançarem os vossos projectos, para… bem, para quê estar eu a dizê-lo, o livro já o faz de forma tão eloquente:

Porque podes aproveitar essas horas em actividades muito mais interessantes do que estudar: fazer desporto, ir à praia, teclar no Blackberry Messenger com várias amigas ao mesmo tempo, beber umas cervejas com os amigos, passar horas no Facebook ou no Youtube, trabalhar para financiar as próximas férias…

25 de outubro de 2012

21 de setembro de 2012

in English

Os portugueses em geral não são maus a falar inglês. Há alguns pormenores, tipo “Ai sink mai auze is naice”. Em geral não fazemos má figura. E no entanto há uma vogal de estimação que adoramos trucidar. Não sei bem porquê. Nem os britânicos, nem os americanos o fazem. Por alguma razão, adoramos transformar «a» em «é».

Os produtos da Apple sofrem bastante. Exemplo:

– Comprei um Méc e um aiPéd e fui logo comprar aplicações na Épp Store!

A própria marca em si tem uma entoação ligeiramente diferente: Eipple. O «a» passa a ser «ei».

Não. É um «a». Aberto. Como bolacha. Não é bolécha, nem boleicha.

Mas não é só com os guédgets da Eipple. No browser, para voltar à página anterior clica-se no béck, procuram-se indicações no Google Méps, quem faz surf diz que o mar está flét, e claro, os labradores são de cor bléck.

Conterrâneos, vamos lá parar. Causa-me espécie. Obrigado.

21 de setembro de 2012   ·   in English

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