17 de setembro de 2009


Já tinha ouvido falar das experiências de gratificação diferida, feita em meados do século XX. Aqui está a repetição de uma delas, em vídeo.
Para saber mais, um artigo da New Yorker.

17 de setembro de 2009

25 de agosto de 2009

Cá estou, novamente, deste lado do Atlântico depois de umas semanas passadas na Europa. Em Portugal, o sol, obras por toda a parte e inaugurações à espera que o fim de Setembro chegue. Pregados na brasa, empadas de pato do Natário, sidónios, jesuítas e croissants. Romarias e noitadas, família, amigos e bifes de madrugada. Corridas e visitas. Jornais. Gente que protesta. Ah, there’s no place like home.

25 de agosto de 2009

30 de julho de 2009

O barco vai de saída
(é carregar nos auscultadores)

O barco vai de saída
Adeus ó cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
Pra lá da loucura
Pra lá do equador
Ah mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
Da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra-mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida
Sem contar essa história escondida
Por servir de criado essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
Gingão de rota batida
Corsário sem cruzado
Ao som do baile mandado
Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia
Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires
Desvairas magia
Já tenho a vela enfunada
Marrano sem vergonha
Judeu sem coisa nem fronha
Vou de viagem ai que largada
Só vejo cores ai que alegria
Só vejo piratas e tesouros
São pratas são ouros
São noites são dias
Vou no espantoso trono das águas
Vou no tremendo assopro dos ventos
Vou por cima dos meus pensamentos
Arrepia
Arrepia
E arrepia sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
O mar das águas ardendo
O delírio dos céus
A fúria do barlavento
Arreia a vela e vai marujo ao leme
Vira o barco e cai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte
Olha a minha sorte
Olha o meu azar
E depois do barco virado
Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos
Esfola
Mata
Agarra ai quem me ajuda
Reza
Implora
Escapa ai que pagode
Reza
Tremem heróis e eunucos
São mouros são turcos
São mouros acode
Aquilo é uma tempestade medonha
Aquilo vai pra´lá do que é eterno
Aquilo era o retrato do inferno
Vai ao fundo
Vou ao fundo
E vai ao fundo
Que vida boa era a de Lisboa

by Fausto Bordalo Dias

30 de julho de 2009

27 de julho de 2009

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27 de julho de 2009

8 de julho de 2009

…ou como arranjar um part-timezinho na AR para se poder ser vereador da oposição. Do Diário de Notícias, com bold meu:

Outra deputada [do PS] também candidata a uma câmara, Leonor Coutinho, que tenta roubar ao PSD o município de Cascais, reagiu de forma igualmente crítica. “Como dirigente do partido, não tenho a certeza de que, a reboque do PSD e a meio do jogo, esta seja uma maneira de consolidar as pessoas que concorrem, e muitas vezes se disponibilizaram para combates muito difíceis, muitos em início de carreira“, disse à Lusa. “Não acho bem que se mudem as regras a meio do jogo”, acrescentou ainda, explicando-se: “Quando apresentei a minha candidatura disse que era perfeitamente compatível o lugar de deputado com o de candidato autárquico, porque se ganha a eleição, obviamente a lei define que o cargo não é compatível, agora um vereador da oposição não tem emprego na câmara, para se dedicar a essa tarefa tem de ter outro emprego.” [sic]

Já agora, o português da senhora deputada é brilhante:

(…) … consolidar as pessoas que concorrem… (…)

8 de julho de 2009

3 de julho de 2009

Ao princípio parece ridículo, mais uma paranóia de ambientalistas. Depois ficamos a ver ao que pode chegar o capitalismo desenfreado.

via Cave do Ramalho


Embora um pouco inflamado, o documentário aponta o âmago da questão. Da última edição da Nature Biotechnology (bolds meus):

Germany, home to the biggest swine population in Europe, is up in arms over a patent covering a marker-assisted test to breed meatier pigs. The patent covers a screening method to identify a polymorphism in the leptin receptor gene, useful for selecting animals for stockbreeding. The patent, originally filed with the EPO by Monsanto, was granted last July to Newsham Choice Genetics, the West Des Moines, Iowa-based company that in 2007 acquired Monsanto’s porcine genetics subsidiary. The gene sequences and the test kit itself, although originally included in the application, were not part of the patent granted by the European Patent Office (EPO). Several notices of opposition have been filed, mainly from nongovernmental organizations and individuals, not by competing companies. On April 15–the day before the deadline for objections–activists and farmers demonstrated outside the EPO’s Munich office, protesting about paying royalties to a US firm. “This seems like a complaint from the 18th century,” says Larry Schook, co-chairman of the Swine Genome Sequencing Consortium, which will be completing its sequencing effort by August. According to Schook, breeding companies often sell germplasm with dubious genetic merit at a premium. Marker-assisted tests will offer an actual genetic benefit rather than a proposed one. Gordon Wright, from the Chartered Institute of Patent Attorneys in London, speculates the company “will be aiming to enforce the patent against commercial [kit] suppliers rather than breeders.”
Nature Biotechnology 27, 496 (2009) [link]

3 de julho de 2009

30 de junho de 2009

30 de junho de 2009

18 de junho de 2009

Não conheço o Nuno Crato pessoalmente, nem entendo que precise de qualquer defesa, mas perante o que foi escrito aqui, sinto necessidade de dizer qualquer coisa. No seguimento, aqui, deturpam-se resultados e faz-se a apologia do facilitismo.
A certa altura, citam-se os resultados da classificação dos professores portugueses como “Transmissionistas” ou “Construtivistas” do inquérito TALIS da OCDE [1]:

Direct transmission beliefs about teaching
• Effective/good teachers demonstrate the correct way to solve a problem.
• Instruction should be built around problems with clear, correct answers, and around ideas that most students can grasp quickly.
• How much students learn depends on how much background knowledge they have; that is why teaching facts is so necessary.
• A quiet classroom is generally needed for effective learning.

Constructivist beliefs about teaching
• My role as a teacher is to facilitate students’ own inquiry.
• Students learn best by finding solutions to problems on their own.
• Students should be allowed to think of solutions to practical problems themselves before the teacher shows them how they are solved.
• Thinking and reasoning processes are more important than specific curriculum content.

Antes de mais, o que está enquadrado como “construtivista” não é aquilo que os críticos do eduquês se queixam, ao contrário do que o autor quer fazer parecer. Claro que todos queremos que os professores incitem os alunos a questionarem-se; claro que todos queremos que os alunos tentem eles próprios chegar às soluções antes de lhes serem dadas as respostas; claro que todos queremos que os alunos em primeiro lugar aprendam a pensar. Os que se queixam do eduquês não são retrógrados e não pretendem certamente voltar ao tempo da reguada. Mas dizer que queremos que os alunos em primeiro lugar aprendam a pensar, não significa que se desleixem os currículos ou que os alunos não tenham que os aprender. Obviamente que uma aula participativa é melhor que uma aula de alunos calados e inactivos, mas isso não significa que não haja disciplina quando a aula é perturbada; o contrário de “quiet classroom” nem sempre é aula participativa, muitas vezes é aula indisciplinada. Obviamente que decorar grandes quantidades de factos não tornam um aluno melhor, mas isso não significa que não exista um número mínimo de conhecimentos para que se possa depois raciocinar e compreender.
Pode-se adoptar uma atitude enquadrada neste conceito de “construtivista” sem comprometer o grau de exigência e de responsabilização. É por isso que lutam os anti-eduquês; não é contra a inovação na escola, é contra o facilitismo e não é isso que está em causa neste estudo. Claramente o argumento “Instruction should be built around problems with clear, correct answers, and around ideas that most students can grasp quickly” é um argumento facilitista, que os anti-eduquês não defendem.
No segundo post mencionado, é apresentado o seguinte gráfico, ao qual sobrepus o resultado do PISA 2006, para ciência [2]:

Em geral, parece que sim, quanto mais “construtivistas” são os professores, melhores os resultados dos alunos; a tendência confirma-se. Mas atente-se ao facto de os países mediterrânicos (Portugal, Espanha e Itália), os piores na escala do “construtivismo”, terem resultados no PISA (sobretudo a Espanha) não tão diferentes da Norueg, Eslováquia, Polónia, Dinamarca ou da Islândia, países bem mais “construtivistas” que os três membros do PIGS. De notar que as duas curvas do TALIS são simétricas em torno da origem.
Por curiosidade, resolvi sobrepor aos resultados do TALIS, índices de evasão fiscal (os que estavam disponíveis, relativos a 2000-2002 e retirados de [3]):

É interessante, parece que também aqui vemos uma tendência: quanto menos se foge às obrigações fiscais num país, mais “construtivistas” são os seus professores (e já agora, melhores os resultados no PISA). Correlações não são relações de causa-efeito, mas a única coisa que quero dizer com isto é que uma aula não calada na Finlândia, ou na Áustria pode querer dizer que os alunos são participativos e cumprem com as suas obrigações escolares, e uma aula não calada em Portugal, Espanha ou Itália, pode querer dizer que os alunos são barulhentos e não cumprem com as suas obrigações escolares. Se calhar, num sítio não se chumba porque as pessoas cumprem, noutro, não se chumba porque as pessoas são empurradas para cima. Talvez as relações “construtivistas” sejam mais facilmente postas em prática em lugares onde as pessoas são mais cumpridoras em geral, onde o facilitismo já foi eliminado pela disposição comportamental dos cidadãos.
O que os anti-“eduquês” defendem não é a falta de inovação ou interacção. Defendem é que se acabe com a deturpação que se faz de políticas inovadores, implantando medidas medíocres e facilitistas, que não são mais que enganar os alunos, os pais e o país.
REFERÊNCIAS
[1] – Creating Effective Teaching and Learning Environments: First Results from TALIS link
[2] – PISA 2006 Science Competencies for Tomorrow’s World – Executive Summary link
[3] – Tsakumis, G.T. et al., The relation between national cultural dimensions and tax evasion, Journal of International Accounting, Auditing and Taxation, vol. 16, issue 2, 2007, pp. 131-147 link

18 de junho de 2009

16 de junho de 2009

Há mês e meio foi posto à venda nas bancas e de forma gratuita na internet o novo jornal português, o i. Quis deixar passar uns tempos para que os eventuais bugs fossem corrigidos e muitos foram-no. Sobre a edição impressa, não posso comentar pois não a tive nas mãos. Sobre a edição online, acho que já se podem tecer comentários. Há quem elogie a frescura ou a quebra de paradigmas, bem como a independência. Ainda é cedo, no que a mim diz respeito, para tecer comentários acerca disto. Digo, no entanto, que não sou contra jornais que tenham uma orientação política ou ideológica. Mas falemos do aspecto e do site, visto que isso, uma vez lançado, à parte de pequenos ajustes, é para ficar.
Sei que estamos na era dos new media. Os novos jornais online, particularmente este, pela propaganda feita, assumem-se como agregadores de vários tipos e formatos de informação: texto, fotografia, som e vídeo. O i dá também a oportunidade ao cidadão comum de se tornar um repórter. Apesar de ainda não ter visto grandes artigos, parece-me uma boa ideia.

A minha primeira grande crítica é ao formato textbyte. Um jornal é essencialmente composto por textos e, para mim, não se podem substituir textos por slogans. A página principal do i não é mais que isso. Percebo-o na listagem inicial, mas não no alinhamento das notícias secundárias:

Eu sei que é uma opção editorial, mas discordo. O meu design favorito é o do Diário de Notícias, que a seguir à renovação ultrapassou o Público e depois deste último se ter tornado infernal com tantos anúncios Flash que teimam em ocupar todo o campo visual. Gosto particularmente do destaque à coluna de opinião, com os cronistas bem vísiveis, algo que no Público só se tem acesso pagando e que no DN aparece relativamente escondido. Parece-me, no entanto, que a classificação das notícias em Portugal, Mundo, Dinheiro, Desporto e Boa Vida é extremamente redutora, especialmente deixando de fora áreas como Sociedade (em que a Boa Vida é só uma parte) ou, especialmente importante, a secção de Ciência, algo em que o Público foi pioneiro.
No entanto, há algo de mais fundamental que me causa desconforto. Há uma discrepância muito grande na qualidade dos artigos. Por exemplo, há boas peças, como esta da Ana Sá Lopes e da Ana Suspiro, com bons textos, bem fundamentadas, bem editadas, assim como há boas entrevistas. Em geral, a qualidade dos artigos de política nacional é bastante boa.
Por outro lado, os restantes pecam por falta de qualidade, quer editorial, quer de conteúdo. Em muitos dos casos, há uma sensação de que o jornalista mais não é que um “surfer” da internet, que se limita a traduzir e resumir mal artigos em jornais estrangeiros de referência (BBC, Der Spiegel, El País). Artigos completos e de fundo são transcritos como meras notas, com dois ou três parágrafos, terminando muitas vezes com o link do artigo original, ou um vídeo de uma estação de televisão ou do YouTube (exemplos aqui, aqui, ou aqui).
Há mais: erros de ortografia inconcebíveis na era dos correctores automáticos, como itnervenções, ou frases desconchavadas, mesmo cientificamente erradas como “Provavelmente era mesmo disso que precisava para afogar todos os suores de uma escalada pelas colinas de Lisboa no calor insuportável de Junho, bem denunciador dos estragos da camada de ozono” retirada deste artigo, num tom meio jocoso, mas num artigo que não é para ser cómico. Veja-se esta notícia, de extrema profundidade, com um perfeito enquadramento dos intervenientes (“O dirigente da Agência de Mísseis de Defesa disse” qual agência? EUA? NATO?) e o tradicional erro ortográfico: alcanca.
Recentemente, o artigo que mais me impressionou foi a peça intitulada Casa Índigo: A estranha escola onde os alunos adivinham o futuro. Talvez a minha motivação derive da resistência e confessa intolerância que tenho a tudo quanto seja oculto, místico e new age, mas a análise é meramente à forma e ao conteúdo do artigo. Em primeiro lugar, não há qualquer contextualização crítica ao fenómeno das crianças índigo. Apenas ficam os textbytes dos interessados no assunto: “Estas crianças são o resultado da evolução da espécie.”, ” …entre os vários tipos de índigos, existem os interdimensionais…”, vagos e sem nenhuma corroboração. À parte duma menção a uma polémica com a autorização dada pelo Ministério da Educação à instituição, pouco se refere acerca do que defende este movimento, para informar os leitores que não estão ao corrente, e não é obtida nenhuma contra-opinião para confrontar os factos ali mencionados, o que costuma ser boa prática jornalística. Tal era devido aos leitores, num artigo que faz promoção a uma instituição e a uma doutrina (?) mais que questionável. Mas será que faz promoção? Não sei: nota-se em todo o artigo um tom ligeiramente inquisitivo e até jocoso, pelo menos omisso e pouco rigoroso:

“‹‹Vá lá, concentre-se! É uma luz branca que começa a vir daqui››, insiste Sofia, enquanto aponta, excitada, as pernas do filho. Mas Diogo continua a parecer um miúdo como os outros.;

“O caminho de regresso a casa é feito de olhos franzidos. A tentar descobrir as auras das árvores do caminho. Sem sucesso.”;
“E não existe um diagnóstico mais concreto? ‹‹Sim, existe! Há uma série de testes que fazemos, vemos as suas reacções perante algumas situações, conversamos com eles››, explica Teresa Guerra.”

Uma breve deambulação pela wikipedia dá-nos a conhecer as críticas e o cepticismo que esta crença (pois não há quaisquer provas) enfrenta. Um bom artigo, jornalisticamente rigoroso, mencionaria esta oposição, traria aos leitores o contraditório.

16 de junho de 2009

15 de junho de 2009

15 de junho de 2009

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