22 de outubro de 2003
Imaginem que Deus quer dar um sinal da sua presença. Fazer-se notar a um mortal eleito para tal. Porque razão? Isso é lá com Ele, mas atentemos ao sinal em si. Desta feita, o Senhor não escolhe enviar um anjo como fez a Maria, nem aparece em sonhos. Tão pouco usa o truque da voz grave e cavernosa, levemente pausada, como quando falou com Abraão e tantos outros.
Não, desta vez, depois de eleito o destinatário do sinal, Deus deposita-lhe vinte e cinco mil milhões de contos na sua conta bancária. Depois de ver confirmado que o depósito não foi engano de ninguém, aliás, foi depositado em notas num cofre nocturno de um banco da Av. da Roma, o feliz humano compreenderá então que tal gesto, veio directamente do céu. Ele foi abençoado com a brisa da glória divina e, ao contrário dos que como ele já haviam sido, está brutal e estupidamente rico. Até poderá distribuir dois ou três mil contos pelos pobrezinhos!… Que alegria!
Só que… Há um problema! Tal quantia de dinheiro não passa despercebida! Que fazer agora? O fisco?! Como explicar que foi uma dádiva divina? Oh não! Que desespero! Já estou a ver: “Sim, claro. Isso foi o que os colombianos disseram da última vez. Mas eles trouxeram charutos ao passarem por Cuba! O senhor nem isso!”
Resumindo: Senhor Deus, quando quiser ter tamanho acto de bondade, ponha as notas debaixo do colchão. Eu não me importo com o alto.
Sabes quanto é que o Estado cobra aos que ganham no Totoloto? Andam anos a cobrar taxas exorbitantes. Ou se tem um bom contabilista (criativo) ou então está f***do.
Pensando assim, o Estado é o Diabo, certo?
Mas eu acho que se deve pagar impostos. Especialmente quando se pode… Não. Se o Estado é o Diabo o que somos nós?!