25 de julho de 2008
Outra coisa que anda muitas vezes no corpo dum americano, para além do biberão, como lhe chamam os pais da Luísa é a sweatshirt da universidade em que se licenciaram.
Claro que para toda a gente, aqui ou aí, a passagem pela universidade é um marco importante na vida de quem passou por essa experiência, e recordar o sítio e o tempo onde parte da força da juventude foi investida é sempre um exercício que joga com as emoções, especialmente se for feito colectivamente. Assim, sem dúvida que andar com o nome da universidade ao peito é uma maneira de recordar um pouco esse tempo, mas mais que isso de mostrar aos outros de onde se vem.
Não penso que isso seja, na maioria dos casos, uma forma de mostrar superioridade, isto é, afirmar que se foi à universidade, ou mesmo dizer que “a minha universidade é melhor que a tua”. Haverá certamente casos em que sim, mas penso que a maioria usa por um sentimento subconsciente de identidade. Grande parte dos americanos que vai para a universidade (não as community colleges, que são uma espécie de pré-universidade para os mais desfavorecidos ou com fracos resultados académicos no liceu e que servem, muitas vezes, ou para uma formação básica, ou para corrigir trajectórias e relançar percursos académicos), vai pelo menos para fora da sua cidade, quando não, muitas vezes, para fora do estado. E mesmo dentro do estado, nem sempre dá para vir a casa ao fim-de-semana, como se faz muito em Portugal, ou pelas distâncias, ou pela falta de transportes, ou porque simplesmente não se faz.
Assim, muitos dos jovens quebram a ligação à terra natal aos 17, 18 anos e muitos não a reatam já que a mobilidade dos americanos é muito grande. Assim e apesar de serem só quatro a cinco anos da vida de cada um, a universidade passa a ser uma marca identitária muito grande. Subconscientemente aquela camisola diz-lhes de onde eles vêm, quem são. Numa terra onde a gastronomia raramente representa uma marca regional e as chains servem o mesmo no continente inteiro, onde as equipas, muitas vezes chamadas franchises, às vezes mudam de sítio porque não há assistência suficiente, todos (ou quase todos) falam a mesma língua e os gostos são muitas vezes direccionados para as mesmas coisas, a identidade de cada um é criada de forma um pouco diferente do que nós estamos, ou pelo menos eu, estava habituado. A sweatshirt é importante para eles.