5 de abril de 2009
De regresso ao karaoke, foi preciso cantar «Yesterday, all my troubles seemed so far away» antes de retomar a estrada e poder colocar uma questão algo directa a Amy Wood, que se divertiu muito.
– Todos esses trabalhadores chineses, na Nigéria, como é que se arranjam em matéria de raparigas?
– Existem algumas prostitutas chinesas, mas não que cheguem para toda a gente! Esperam uma visita à esposa na China, uma vez por ano.
– E eles não frequentam africanas?
– Ah, isso nunca! Nem por uma noite, nem para casar com elas. Não conheço senão muito poucos casais mistos.
– E porquê?
– Ora, porque não gostam delas!
O motorista nigeriano de Amy Wood, um homem calmo e sorridente que responde pelo nome próprio de Monday, não pode deixar de virar a cabeça ao escutar esta última réplica. A sua patroa chinesa, que cantarola enquanto olha pela janela, não tem consciência de que acabou de pronunciar palavras que ferem. Para aligeirar o ambiente, dirigimo-nos ao motorista:
– E o senhor, aceitaria uma esposa chinesa?
– Certamente que não. Como costumamos dizer, Monkey no fine, but eem mama like am. (Inglês pidgin para «com macacos não está certo, mas gosto das minhas mamãs».)
– O que é que isso quer dizer?
– Quer dizer que ninguém vai visitar uma mamã cuja sopa não é doce. A melhor mulher vem da nossa aldeia, trabalha muito e cozinha bem.
Do Capítulo 2 do Safari Chinês, de Serge Michel e Michel Beuret disponível pelo Público aqui