27 de abril de 2016
Está no Observador, desde dia 24, um artigo de Rafael Marques de Morais, intitulado Os afectos entre Portugal e Angola e o racismo encapotado. Nele, Rafael Marques defende que:
Há uma cumplicidade atroz entre os governantes portugueses e a sua elite de negócios no apoio à pilhagem de Angola pelo MPLA, Eduardo dos Santos, a sua família e o sistema de repressão que os sustenta.
O que se segue é uma óbvia e clara descrição do que se passa com a relação entre Portugal e Angola, nomeadamente ao nível da cúpula política e económica. À parte do título do artigo, Marques não mais menciona, usando essa mesma expressão, o racismo encapotado dos portugueses, mas não deixa de apontar situações e atitudes degradantes que se condensam, relativamente às relações dos dois Estados, nas palavras do próprio, da seguinte forma:
Disponibiliza-se todo o afecto necessário para o dinheiro e para os recursos angolanos, e nenhum afecto para o povo. Buscam-se todas as justificações para defender o sofrimento dos angolanos como algo natural, decorrente da guerra, do seu estado “africano”.
Qualquer um que leia o artigo, ou que esteja minimamente a par da realidade, vê como há muita condescendência por parte de alguns de nós, e muito cinismo numa real politik que beneficia demasiados interesses pessoais para ser, de facto, uma politik. E, obviamente, a breve descrição que faz da colonização, com a escravatura que mais tarde se transforma em servidão, não traz nada de novo.
O que é, para mim, novo, é o raivoso rol de comentários que se segue. Em geral, as caixas de comentários de jornais online não são os locais mais higiénicos para se deambular, mas o que lá está escrito faz com que seja totalmente desnecessário o artigo de Rafael Marques: bastava o título, o resto brota com facilidade.