15 de junho de 2008

Confesso que gastei algum do meu tempo a ler os longos artigos do Público sobre o «hediondo crime da socialite» Maria das Dores. Curiosamente a senhora não é Babá das Dores, Teté das Dores, ou Bituxa das Dores. Se nunca ouviram falar, a coisa é muito estúpida: para tentar ficar com o dinheiro do marido, com quem o divórcio era iminente, mandou o motorista matá-lo. Para isso, numa visita a um apartamento vago, não sei alegando qual motivo, subiu nas escadas, enquanto o pobre homem foi de elevador. Ao chegar ao apartamento, o motorista e o cúmplice assassinaram-no com uma moca (de rio maior?). O crime foi perfeitamente idiótico, mas toda a história da senhora (maneta) e do seu filho (em tempos um protegido do José Castelo Branco, enteado do assassinado) é caricata demais para ser perdida. Saiu há pouco tempo o livro “Ganância – A essência de um homicídio”. Este não vou ler, chegam-me os resumos do Público, mas vale a pena atentar à capa do livro, nada abonatória ao falecido, mas certamente a lançar achas para a grande fogueira que é esta tragicomédia do mundo real.
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Antes de mais, o subtítulo e a palavra essência; o crime é de tal maneira estúpido, que é impossível ter qualquer essência que seja. Mas vejamos o autor, que por baixo do nome se intitula como pai da vítima. Diria que num caso destes, o parentesco do autor ditaria o potencial para um certo enviesamento da história. Assim como o facto de se auto intitular pai da vítima dá um je ne sais quoide Guilherme Leite e aquele programa que ele tinha sobre casamentos à coisa. Mas o melhor de tudo, a cereja no cimo do bolo, como dizem os americanos, é o autocolante removível da Maria das Dores, «condenada a 23 anos de prisão!». Só ainda não consegui perceber se o autocolante é removível para não estragar a capa do livro, na posteridade, ou se para colar no frigorífico ou no carro.

15 de junho de 2008

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