31 de março de 2009

Uma questão que ouvi no outro dia pelos corredores. Desde pequenos que ouvimos falar nas cores primárias e na adição de cores. Se juntarmos, por exemplo, verde e vermelho, obtemos amarelo (em filtros, não com tinta, uma vez que dessa forma obtemos castanho). Mas vejamos, sabemos que a luz branca se decompõe em luzes de várias cores.
prisma.jpg
Cada cor é luz (uma onda electromagnética) com um diferente comprimento de onda (c.d.o). Por exemplo, o c.d.o da luz vermelha é 590 nm (0.000000590 m), da verde, 510 nm e da amarela 570 nm. O que acontece com um prisma é que separamos espacialmente as diferentes luzes que viajavam todas juntas num raio e se nos assemelhava como branco. Ora, no caso dos filtros, o que acontece? Porque é que juntando o vermelho com o verde vemos amarelo? Será que o comprimento de onda da luz combinada muda? Isso não faz sentido, uma vez que, como vimos com o prisma, o vermelho, o verde e o amarelo existem como componentes sobrepostos na luz branca, mas são luzes diferentes.
RGB
O que acontece efectivamente é que os nossos olhos não vêm o espectro todo. Temos nos olhos células sensíveis a determinadas bandas do espectro (ou gamas de comprimentos de ondas) e essas bandas sobrepõem-se cobrindo o espectro do visível, como se pode ver no gráfico abaixo. Costuma-se dizer que essas células são receptoras “azuis”, “verdes” e “vermelhas”. O nome é dado não por apenas detectarem essas cores, mas por o máximo da sensibilidade das respectivas bandas estar mais próximo dessas cores.

Quando vemos luz amarela, o que acontece é que o espectro amarelo da luz que chega aos nossos olhos activa ambos os sensores “verdes” e os “vermelhos” que estão numa região do olho, pertos uns dos outros. O nosso cérebro constrói então uma imagem em que interpreta essa informação como sendo a cor amarela. Isso pode ser provado “enganando” o cérebro. Uma vez que ele olha para a proporção de vermelho e verde numa determinada zona do espaço, se conseguirmos, nesse mesmo espaço, emitir verde e vermelho por forma a fazer com que os sensores vejam o mesmo que veriam com um espectro amarelo, o cérebro vai pensar que está mesmo a ver amarelo. Podem ver a imagem abaixo.
yeallow.png
De um lado vêm riscas vermelhas, do outro verdes. No centro, algo que se assemelha a amarelo. Se repararem bem, e poderão confirmar na imagem aumentada abaixo, o que fiz foi alternar as linhas vermelhas com as verdes.

No zoom, vêm-nas distintamente porque a separação espacial é suficientemente grande para o cérebro as conseguir distinguir. Essa distância começa a encurtar na imagem de cima e por isso começamos já a ver amarelo – estamos a enganar os sensores que estão a captar aquela zona da imagem. O efeito não é perfeito e o amarelo não é suficientemente, bem… amarelo, porque a distância ainda não é suficientemente pequena para enganar completamente o nosso cérebro. Mas a distância entre as três cores que compõe cada pixel do ecrã onde está escrito este texto já o é.
quadrado amarelo e pixeis
Cada pequeno elemento do ecrã (pixel) é composto por três zonas, a vermelha, a verde e a azul, cuja intensidade é variável. Para criar a cor amarela, o azul é desligado, e permanecem apenas o verde e o vermelho. Assim se cria a ilusão e ela é perfeita; o nosso cérebro não distingue que o verde e o vermelho vêm efectivamente de sítios diferentes. Da mesma maneira é possível construir milhões de cores diferentes, aquelas que um monitor consegue fazer ver ao nosso cérebro.
De facto, existe um amarelo real (a radiação com um determinado comprimento de onda) e outro que é uma ilusão de óptica. Mas sem saber como essa cor nos está a chegar aos olhos, os nossos olhos não têm resolução suficiente para distinguir o amarelo real do amarelo ilusão.

31 de março de 2009

"