12 de julho de 2003

No outro dia fui correr praia fora. Ao fim de algum tempo, cansado, com calor, sentei-me numa esplanada para beber algo refrescante. Estava a olhar para lista e vejo o nome Mazagran. Até que enfim! Alguém que ainda nos consegue servir um mazagran sem que se tenha de explicar como é que é feito! Era isto mesmo que ia escolher até que olhei para o preço: €1,75. O quê? Quem é que vai dar quase quatrocentos paus por um copo com um café aguado fresco com uma rodela de limão? Está tudo louco ou quê?
Como toda a gente sabe, este caso não é único. As esplanadas, cafés, restaurantes e afins, pelo menos aqui para os lados da Capital do Império (lembro-me que há uns meses, no Porto, os preços eram bem mais baixos) andam todos a praticar preços incomportáveis. Mas como toda a gente também sabe, apesar das queixas dos comerciantes, as esplanadas e restaurantes estão sempre cheios. Há gente que se dá ao luxo de pagar estes preços por ninharias. E essa gente é muita. O que me faz questionar sobre o seguinte: se há crise, como é que as pessoas gastam dinheiro assim? Será que não têm dinheiro contado no fim do mês? E se têm, não seria nestas coisas supérfluas que deveriam cortar? Das duas uma, ou a falta de dinheiro não é assim tão grande (e digo que nestas esplanadas se vêem pessoas de várias classes sociais), ou então estas não são coisas supérfluas, o que também é preocupante, porque se não cortam aqui cortam noutras coisas, como por exemplo livros.
Eu acho que os preços, tal como estão, são incomportáveis. Mais tarde ou mais cedo isto vai rebentar. Estamos a ser roubados. Provavelmente os donos dos cafés dirão o mesmo, portanto não sei bem quem é o ladrão, mas as coisas tal como estão, são impossíveis de manter. Detesto ser ave agoirenta, mas penso que as Clark´s e cia. foram apenas o princípio. Um exemplo é as casas que se vê para alugar/vender; eu vivo na zona das segundas casas/casas de fim-de-semana – Cascais – e de um momento para o outro, a quantidade de placas a dizer Aluga-se disparou. Porque será?

12 de julho de 2003

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