28 de fevereiro de 2004
Se calhar é só impressão minha, mas parece que este belo pedaço de terra à beira-mar plantado (e quem sabe o próprio mundo) anda às avessas qual camisola mal vestida. Ora não é que tanto tempo antes das eleições autárquicas e presidenciais já há cabeças a puxarem por argumentos para lançar a discussão do assunto. Mas que discussão? E depois com os candidatos que se apresentam… Já agora, para que serve um mandato presidencial de tantos anos se ao fim de dois ou três, independentemente do trabalho que está a ser feito por quem ocupa o cargo ser bom ou mau, já só se pensa em substituí-lo. Mas o pior é que há problemas reais que têm de ser resolvidos. Depois queixam-se dos défices de índices de participação cívica na democracia, ou temos que aturar as imberbes exclamações dos monárquicos.
Mas não é só na política que as coisas andam tortas. Os cidadãos também devem estar meio ébrios. Reparem à vossa volta. Hoje todos têm telemóveis com câmaras fotográficas, mas… para quê? Para tirar fotografias à linda menina que veste Mango, Salsa e Mango, mas que come à cavador, serpenteia a faca qual montante de 30 quilos graciosamente suportado e berra por entre dentes, comida e líquidos palavras certamente interessantes se fossem inteligíveis? E já que estamos nos telemóveis, para que precisa uma criança de dez anos dum telemóvel. Para jogar na bolsa? Para os pais não os perderem! Mas que voltas tão grandes é que um tal infante dá que corre o risco de desaparecer do radar parental?
Nas escolas o perigo é dar trabalhos de casa às criancinhas. No carnaval – que é, note-se, no pino do inverno – há que nos despirmos. No trabalho, há que ser pago bem antes sequer de se ter trabalhado.
O Sousa Franco cabeça de lista. A Leonor Beleza. O Guterres. Que mais? O W. Bush a secretário-geral das Nações Unidas?