28 de novembro de 2008
Confesso que não estou por dentro do processo da avaliação dos professores, não sei em pormenor os parâmetros e critérios. Sei, no entanto, que a senhora Ministra deixou cair alguns pontos na mais recente ronda de negociações, sendo um deles o facto de a avaliação dos professores já não depender dos resultados dos alunos. No Domingo o Prof. Marcelo revelou a sua indignação e agora sou eu (ha!).
Mas passará pela cabeça de alguém que não se avalie os professores pelos resultados dos alunos? Francamente, é a mesma coisa que dizer que um treinador de futebol é bom ou mau, independentemente da classificação da sua equipa. Obviamente, não se pede ao Leixões que ganhe o campeonato, como também não se admite ao Benfica que fique abaixo do terceiro lugar, mas, caso a caso, os resultados são fundamentais.
Continuando o paralelo anterior, é claro que esse critério de avaliação não pode ser “a percentagem de alunos com 20”, porque obviamente, toda a gente passava a ter vinte e passávamos a ser um país de (ainda mais) génios. Faria tão pouco sentido como os rankings actuais, com todas as razões que já enumerei. Uma necessidade seria a introdução de factores de correcção socio-económicos, consoante a localização geográfica das escolas e a tipologia dos alunos.
Então porque é que isto não é feito? A minha opinião é, simplesmente, porque dá trabalho e porque quebra com a subjectividade e diversidade de muitos dos parâmetros de avaliação. Neste último caso, porque hoje em dia é importante é saber se os professores têm tarefas administrativas, se têm formação adicional (será que interessa um doutorado em livros de culinária da zona da Renânia na Idade Média Alta, para o comum dos liceus?), se organizam actividades com a comunidade escolar etc. etc. Penso no entanto que é a parte do dar trabalho que é a mais sensível.
Como é que se poderia estabelecer um critério de avaliação por resultados? Bem, para além dos tais factores de correcção, a meu ver, a melhor maneira é por comparação com um padrão nacional. Esse padrão nacional são os exames gerais. Quem define o nível de exigência de conhecimentos é o ministério que organiza as provas; assim, um aluno com 100% é um aluno que domina totalmente a matéria, um aluno com 60% é um aluno que domina o mínimo necessário e por aí adiante. A avaliação do professor seria feita por comparação da média das notas que atribui aos seus alunos com a média dos resultados que os seus alunos obtêm na prova padrão nacional. Este sistema permite que se evite tanto a inflação como a deflação de notas, sendo que o primeiro caso seria o mais grave, caso a avaliação dos professores estivesse indexada aos seus resultados. Mais, este sistema permite que o ministério determine a priori o nível de exigência a nível nacional (o que também pode ser problemático, como se tem visto nos anos recentes) e permite uma avaliação justa a nível nacional. Adicionalmente os rankings passariam não só a contar com as notas finais dos alunos, mas com a diferença entre a nota nacional e a da escola.
Uma das dificuldades deste método é a necessidade da implementação dum sistema de exames extensivo (quarta-classe, sexto, nono e décimo segundo anos). Obriga à coordenação e à assunção dum nível de exigência, mas mais ainda irrita os alunos e pode pôr a nu números pouco agradáveis. Outra dificuldade é a avaliação de professores que dão anos que não estão sujeitos a exames, como o décimo e o décimo primeiro, por exemplo. Algumas soluções seriam a manutenção de professores por ciclos, acompanhando os alunos até ao exame, ou a comparação de notas com as de anos posteriores, para se observar tendências inflacionistas (embora este método não possa existir só por si) e também a rotação de professores em termos de anos que dão, assim como terem ciclos de avaliação diferenciados, i.e., a possibilidade de existência de alguns pontos de avaliação anuais e outros bi- ou trienais.