6 de fevereiro de 2004

Isto agora vai ser de enchorrada. Muita coisa. Séria e disparatada. Tudo ao molho.
Primeiro quero agradecer, em nome do Ministério do Turismo do Império do Japão, o brilhante serviço que a sra. Sofia Coppolla prestou aos cidadãos do mundo. O Lost in Translation está brilhante. Não por ser grandioso ou majestoso, mas por sermos pequeninos. Não tem sexo. (Ah!… mas, isso é possível?). O filme é chato, porque mostra a vida e a vida é chata. O filme é divertido porque a vida é ridícula. O filme é bestial e grandioso, porque nos faz pequeninos e sózinhos dentro da nossa caixinha que é a vida.
Imaginem que o sr. Gilbert Lewis, inventor (ao que sei) do termo fótão, estava constipada ao ditar à sua secretária a carta em que propôs ao mundo esta designação e (tapem o nariz e digam fótão), a desgraçada senhora, tivésse escrito antes fódão. É claro que a História nunca mais seria a mesma e quase todos os artigos de física seriam um riso descomunal (alguns já são).
Em Lisboa não há nenhuma zona chamada Baixa Chiado. Há a Baixa e há o Chiado! E pronto!
Há quem se arme em pseudo-intelectó-modernista e use muito (e se puder ser em títulos de livros com capas em papel brilhante e com relevos, tanto melhor) a palavra estória, que até dá calafrios, só de escrever. Tínhamos história e História, para quê aquela aberração? Mas porquê? No meu dicionário (sete volumes de 1969 e um suplemento de 1986, da Sociedade de Língua Portuguesa) não está lá nada. Já na Infopédia está isto: história de carácter ficcional ou popular; conto; narração curta (De história, ou do ing. story, «id») . Eu sei que as línguas vivas são dinâmicas, mas isto é uma pura manifestação de mau gosto e pirosismo.
O Diário Digital diz que Portugal é segundo maior consumidor de calmantes da UE. Eu pergunto, quem é que roubou as senhas de racionamento de Valium ao Dias da Cunha.
Tragédias – as tragédias enquanto género dramático são umas farsas. Não que as personagens não morram, mas não é pelas razões que nos fazem querer nas aulas de Português. Elas morrem simplesmente porque ao autor lhe apeteceu chatear-nos. Que pica tinha a história da Helena de Tróia se Páris não morresse? É mais ou menos como o JC. Quem, depois de ouvir a história não ficou chateadissimo com os Judeus e todos os que quiseram soltar Barrabás em vez do próprio Deus?
Eu tinha mais uma data de coisas interessantes para dizer. Mas esqueci-me. Mas eram mesmo importantes.

6 de fevereiro de 2004

Um pensamento em “a bunch o’ stuff

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