10 de outubro de 2004

Todos sabemos que o petróleo é a maior fonte de energia do mundo. Maior não: a mais utilizada.
A questão é: o petróleo mais cedo ou mais tarde vai acabar. E mesmo antes de acabar há outros pontos pertinente: primeiro, está na mão dos árabes, dos americanos e mais uns quantos; segundo, polui o ambiente.
Também se sabe que até agora não há nenhuma alternativa verdadeiramente credível que possa suprimir as nossas necessidades energéticas. Grandes contributos têm sido dados no aproveitamento da energia solar, nas células de combustível (que retiram energia da síntese de água), na fusão nuclear, no aprovitamento dos recursos eólicos. Porém nenhuma das alternativas é verdadeiramente viável nesta altura.
O preço do petróleo tem também vindo a crescer brutalmente sendo já os efeitos desse aumento, perceptíveis no dia-a-dia. Será fruto da escassez? Dúvido. Ainda deve haver suficiente para dar e vender; é provavelmente fruto da especulação financeira.
Que quero dizer com tudo isto? Uma alternativa aos hidrocarbonetos não só é algo que vai ser imperetrivelmente necessário no curto, médio prazo, como é algo que não existe no momento. Ou seja: é um nicho de mercado – não há ainda ninguém que tenha a solução do problema; é também um bem primário e portanto sempre necessário.
A meu ver, a par das comunicações móveis (homem-homem, homem-máquina e máquina-máquina) é o negócio do futuro. E o que é que está a ser feito? Nada.
Aqui há cerca de década e meia, quando a União Soviética colapsou, a Finlândia ficou sem o seu sustento. Mergulhada numa profunda crise económico-social, ergueu-se como uma das nações economicamente mais férteis, através da procura de um desígnio nacional. Desígnio esse que passou pela focalização de quase todos os recursos no desenvolvimento e comercialização da tecnologia de comunicações móveis. Hoje a Nokia é aquilo que é.
Portanto, aí está o nosso desígnio nacional. Portugal devia pôr as suas universidades, institutos, escolas, laboratórios, empresas e a população a pensar numa única coisa: descobrir uma fonte de energia viável, renovável e de baixo custo que permita à humanidade continuar o seu estilo de vida. Além disso ficariamos ricos. São os novos Descobrimentos.
Se alguém por acaso viu o segundo debate Bush-Kerry (e digo por acaso, porque aquilo não tem qualquer interesse), talvez tenha reparado que Kerry disse que pretendia implementar um plano de independência energética total nos próximos dez anos. Alguém já lhe meteu na cabeça (e bem este assunto). Nós já estamos atrasados. E se não começarmos já, alguém vai ficar com o proveito. E nós, mais uma vez, importamos a solução.
Senhor Primeiro-Ministro, é só isto que lhe peço.

10 de outubro de 2004

4 pensamentos em “the oil affair

  1. Ricardo Ramalho says:

    Talvez tenhas muita razão no que dizes.

  2. Elsa Abreu says:

    Peço desculpa mas não consegui resistir =P

  3. Bruno Delgado says:

    É com prazer que te vejo falar de coisas tao importantes, e escrevo isto pois acredito que tu como um rapaz empreendedor, e um verdadeiro cientista ainda vais descobrir essa fonte de energia… 🙂
    Aquele abraço

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