21 de fevereiro de 2005
Acho que há duas coisas importantes a tirar disto tudo:
1. – Os portugueses, independemente do que mostrou o PS na campanha (que, convenhamos, foi de menos) declarou que quer que alguém mude alguma coisa, a sério e depressa, dispondo-se a dar maioria quase sem saber a quem, nem com que fundamento. A meu ver é um desabafo; o tal cheque em branco foi passado num acto de desespero: na prática foi uma espécie de voto em branco marcado. Paradoxal? Acho que se podia muito bem ter passado o inverso, ou seja, o partido em si, só interessa porque os que lá estavam eram o PSD. E porque foi o PSD que deu cabo de muitas esperanças de rigor e responsabilidade que o dr. Durão Barroso e sua equipa (muito representado na Ministra das Finanças) traziam.
O que foi dito foi: peguem nesta porcaria, e agora não há desculpas.
2. – O dr. Santana Lopes é, como alguns dos seus companheiros de partido disseram, um verdadeiro furacão em campanha. E foi-lo. Nos últimos seis meses protagonizou a campanha mais formidável que eu alguma vez e foi o responsável por muitas vitórias:
- Conseguiu protagonizar a maior retracção de votos na direita alguma vez vista (e que mesmo assim o CDS conseguiu estancar, em parte, do seu lado), fazendo com que a esquerda alcançasse praticamente o domíno de 60% do parlamento.
- Conseguiu dar a maioria absoluta a um partido que nunca a tinha tido. Pior, a um partido que pouco fez para alcançar o resultado.
- Conseguiu combater o fenómeno, que há anos se diz que é difícil de evitar que é a abstenção.
- Conseguiu igualar-se às cartas da agência da Missão Impossível: cumpriu a sua missão e autodestruiu-se.
A bem do país, que o PS governe bem com este parlamento. A bem de todos, que o PSD se organize e crie uma oposição de jeito, como disse Rui Rio. E sem o Santana Lopes, que acho que vai deixar de ter “amigos” no próximo congresso. Vão tirar-lhe o tapete. Mas ele ainda vai cravar os dentes. Pires de Lima?”