17 de maio de 2005

No Dubai começou já a construção do Burj Dubai, a torre do Dubai, que, com o valor final da altura ainda em segredo, será certamente superior a 700m, passando para o primeiro lugar dos edifícios mais altos do mundo, mas passando também a ser a mais alta estrutura alguma vez construida por humanos.

A minha fixação por edifícios grandes não é apenas uma mera obcessão. Em primeiro lugar, em termos arquitectónicos, quando bem feitos, são obras belíssimas e geralmente, apesar da desproporção, enquadram-se bem. Já o disse aqui várias vezes e continuo a afirmar que em Lisboa o contraste entre o velho e o novo, o baixo e o alto, com as colinas e alguns dos edifícios históricos como fundo, funcionariam perfeitamente em termos estéticos. Mas isto é a parte que diz respeito à subjectividade do gosto que é concerteza muito discutível, não obstante eu achar que o meu gosto é, na generalidade dos casos, igual ou melhor que o dos outros, modéstia à parte.
Quanto à funcionalidade, há duas questões, uma a funcionalidade prática, como volumetria de habitação e espaço comercial, e outra como a utilidade estética. Vejamos a segunda: ora, qual é a utilidade de um David do Miguel Ângelo, de uma Mona Lisa ou de um Mosteiro do Jerónimos? À parte deste último,que ainda hoje cumpre funções de igreja (já não tem o convento, mas tem um museu e meio), são exemplos de obras de magnificência humana, que servem sobretudo pela sua beleza. São referências mundiais, que permanecem ao longo dos tempos. E são ainda motivo de particular interesse de muitos e muitos turistas que fazem quilómetros para os ver.
Não se enganem, um bom edifício é motivo de muitas viagens só por si (veja-se o caso do Guggenheim de Bilbao) e o facto de um edifício ser o (dos) maior(es) do mundo é gerador de curiosidade per si.
Um bom edifício (ou conjunto de) pode ser regenerador de áreas, sejam elas limítrofes e pouco urbanizadas (como o caso da Expo, embora eu não concorde com tudo o que lá se faça), ou o caso do CCB, ou as torres gémeas de Lisboa. Claro que um edifício não é só as suas paredes, mas o que dentro delas se faz, caso dos Armazéns do Chiado que pela localização, história, acessoas e função comercial, consegui dinamizar uma zona morta de vivências.
O caso da Manhattan de Cacilhas/Torre Biónica é, a meu ver, paradigmático: que melhor forma de aproveitar esse grande oceano que é o estuário do Tejo que, nos tempos que correm, sejamos francos, separa mais do que une as margens do Tejo.
Claro que há coisas mais importantes para se resolver, como certamente o havia no tempo do Miguel Ângelo quando ele esculpiu o seu David. Mas digam-me, que ficou do reinado do D. João V para a posteridade? Não que seja douto em história, mas pouco mais me lembro que o Convento de Mafra e o Aqueduto das Águas livres. E tal era a quantidade de Diamantes e dinheiro das Roças que vinham do Brasil

17 de maio de 2005

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