21 de maio de 2007
Será blasfémia para uns, heresia para outros, para uns patetice, mas para mim faz sentido. A verdadeira receita de como se chega à conclusão que Deus não existe* (com exemplos práticos!). Pelo menos o Deus cristão, muçulmano, judaico, ou qualquer outro(s) referido(s) pela maioria das religiões humanas.
1. Compreender a beleza natural do mundo e do universo, dos seres vivos e dos inertes, e senti-la como fruto da magnânimidade de Deus (p.e., quando ficamos maravilhados com uma paisagem);
2. Descobrir um pouco mais dos sistemas físicos, sobretudo os biológicos e ser capaz de se deslumbrar pela organização e a precisão deles, mas sobretudo pelo seu incrível grau de complexidade e aí deslumbrar-se ainda mais com a capacidade e a beleza do mundo que Deus criou (p.e. quando vemos algo num documentário sobre a Natureza, o Reino Animardo Odisseia que nos faz soltar um extasiado “é impressionante como a Natureza funciona tão bem!”);
3. Fazer um exercício de encadeamento e “intuição lógica” simples, que nos leva à conclusão de que Deus não faz sentido.
E é tudo! É só isto! Não é preciso debater e rebater sobre se há Alma, se Deus nos guia ou não, se interfere nas nossas vidas, se há Céu, Paraíso ou Inferno, se os santos operam milagres. É bastante eficaz e deixa poucas ou nenhumas dúvidas.
Resta, porém, dizer (e daí o *) que há umas condições: primeiro, esta receita permite chegar à conclusão de que Deus não existe, mas não permite provar que ele não existe. Digamos que é uma conjectura, baseada não em fé, mas em indícios (dos quais não falo aqui). A prova, a meu ver, será uma questão de tempo, pela necessidade de se resolverem questões intermédias. Segundo, para se avançar na receita é preciso cumprir o que está no ponto anterior. Por fim, a única coisa que esta receita não permite, é saber como foi criado o Universo. E aí, pronto, é verdade, a receita falha, e pode admitir-se, se se quiser, a existência de um Deus, criador do Universo e… bem, e só isso, só criou o instante inicial do Universo e pôs lá tudo o que nessa altura lá havia. Onde? No sítio onde começou o Universo.
Há coisas que são simplesmente uma questão de fé.
A 21 de maio de 2004 escrevi “[Deus] É uma das melhores invenções do Homem. Mas será que é consciente? Acho que para uns sim, mas para a maioria não. Deus é uma ferramenta evolucionária.”
Para mim a Fé é a invenção de que falei na altura. E uma invenção inconsciente também pode ser uma ilusão.