21 de março de 2009

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Aproxima-se do fim o Battlestar Galactica*, provavelmente a melhor série de ficção científica dos últimos tempos. Foram quatro épocas e um bocadinho. Trata-se da fuga do que resta da humanidade, após um ataque genocida de robots humanóides que já antes tinham estado em guerra com os humanos após se terem revoltado. Galactica é o nome da nave espacial militar, da classe Battlestar, que lidera a frota dos sobreviventes. Não vale a pena contar muito da história, fica só a recomendação para que vejam.
A série tem vários ingredientes que a tornam, a meu ver, excelente. Talvez o principal seja que há uma história com princípio, meio e fim. Claro, há alguns remendos, mas não é daquelas séries em que cada episódio é uma história nova e, aparte do contexto, relativamente independente dos anteriores. Não é uma série de acção e aventuras, como a Guerra das Estrelas, mas partilha muitos elementos comuns. Em primeiro lugar, assume o futuro e o espaço. Não há nada pior que ser futurista, mas ao mesmo tempo ter que justificar o porquê das diversas tecnologias, culturas e seres. Claro, tem as suas falhas, mas na sua essência, somos imediatamente levados para um futuro (que à semelhança da Guerra das Estrelas, não é localizado temporalmente). Também é assumido o aspecto velho e gasto. Em Startrek, por exemplo, tudo é polido, novo e higiénico; aqui, como em Starwars, os heróis cuja história seguimos estão na mó debaixo por isso quase tudo tem um ar ultrapassado, gasto, obsoleto. Aliás, a série começa com a cerimónia de retirada de serviço da nave Galactica. Em ambas as séries os heróis são minoritários e pouco poderosos; fazem um combate de guerrilha contra um inimigo em grande medida desconhecido. O suspense é magistralmente conseguido.
Nesta série, no entanto, devido à duração, são abordados outros problemas mais complexos: como é que uma sociedade em fuga se reorganiza e se mantém viva? Como proceder militar e politicamente? Abordam-se também questões como a religião (porque a sociedade humana, na altura era particularmente religiosa, politeísta), os dilemas pessoais de algumas personagens, tudo sob a pressão dos opressores, que logo se sabe que também estão infiltrados na sociedade humana. A gestão e o interesse gerado por estes temas paralelos à história principal é também muito bem conseguido e, de entre muitas, o episódio do golpe de estado contra a estrutura dominante da sociedade dos sobreviventes é particularmente brilhante.
Deixo as pós-modernices das interpretações meta-físico filosóficas para outros. Limito-me a dizer que é uma muito boa série.
*Tecnicamente falando, a estas altura, a série já acabou. Eu é que ainda não vi o último episódio, portanto nada de estragar surpresas!

21 de março de 2009

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