18 de novembro de 2003
Há música que só consegue ganhar o seu esplendor máximo quando ouvida em alto e bom som na via pública. E como a vida ainda não tem banda sonora personalizável e temática e não convém aborrecer o insimultâneo próximo, temos de recorrer ao Walkman.
Por entre a multidão. Correm, sem deixar de andar. Parece que deixaram tudo para trás. Querem chegar lá? Ou simplesmente fugir? De quê? Eu estou no meio das pessoas. Canto. Ouço coisas que elas não ouvem. Elas não me ouvem. E seguimos todos juntos. Porque estou com elas? Ah! É o mundo!
E depois há pequenas imagens. Pequenas cenas, separadas, aqui e ali, que, se as soubesse juntar, contariam uma bela história.
No fim, estou só eu; onde outrora cavalgaram milhares de obreiros, sobram agora apenas as paredes e o vento. E discreta, numa esquina de um café abandonado, estás tu, a olhar, com aquele sorriso algo malévolo: “Deixa-te disso. Foi bom?”
Obrigado
nota oficial: eu não adormeço em concertos – apenas sucumbo à beleza da música