Um em cada dez estudantes universitários de Coimbra acredita que a pílula anticoncepcional protege da infecção por VIH/sida, segundo um inquérito realizado pela investigadora Aliete Cunha-Oliveira, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Público
Isto resume, em poucas palavras, a educação que se dá neste momento em Portugal. E é pena que se discuta muito sobre educação no nosso país, mas não se diga uma única palavra do que está a ser feito aos jovens, da geração que se está a criar.
O conjunto de falhas é extremamente grande e numa dimensão altamente transversal. Não é só o tipo de conteúdos que são transmitidos, mas a relação com o que se aprende e com o que se ensina. A cada vez maior ausência de responsabilização, aliada ao facto de se querer fazer do ensino algo osmótico e indolor é muito grave. Aprender custa a todos os alunos; alguns têm mais facilidade que outros, mas a todos dá trabalho. Estimular a criatividade e curiosidade custa aos professores e aos pais, e não é trivial. Inculcar a responsabilidade e o brio pelo sucesso académico (e, por inerência, pelo esforço e pelo trabalho) é da responsabilidade dos pais — e cada vez existe menos esse sentimento; a extrema protecção dos filhos é preocupante.
O facto de dez por cento dos alunos de uma das principais instituições de ensino superior do país não saberem que a pílula não protege contra doenças sexualmente transmitidas, não só é grave do ponto de vista intelectual (o que é que esta gente anda a fazer?) como é muito grave numa perspectiva de saúde pública. São pessoas numa altura importante das suas vidas sexuais e são, supostamente, dentro da nossa sociedade, aqueles com mais treino para procurar informação, para aceder a ela e para a digerir e compreender. Independentemente de serem de biologia, literatura, psicologia, farmácia ou direito.
Isto tudo faz parte dum grande problema chamado falta de educação. Não é falta de conteúdos, mas de educação para a vida cívica e passando por coisas como o civismo, as regras de boa educação, as regras de etiqueta e bom comportamento e ainda pela responsabilização. Um outro exemplo, bem filmado para todos vermos foi a menina histérica agarrada à professora. Parte virá das escolas, mas muito virá das famílias e da sociedade. E volta e meia dumas belas bofetadas.
actualização: como muito bem afirma o Pedro Aniceto, “era assim que funcionava antes, ainda no tempo em que ninguém se traumatizava como hoje parece acontecer”.
Nos próximos dias estarei meio offline porque vou a San Diego, Califórnia. Ah, saudades dos vintes (graus)
Quien no recicle basura irá al infierno.
El Mundo
Dito em castelhano ainda têm mais piada!
Durante uma interessantíssima entrevista ao jornalista brasileiro Laurentino Gomes (autor do livro 1808 — Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil) veio à baila a questão da utilização da internet como ferramenta indispensável de pesquisa. No entanto adverte (neste caso no contexto do jornalismo) para o fenómeno da “redacção preguiçosa”, i.e., o jornalismo de rato e teclado. É um fenómeno cada vez mais comum, acompanhado de outros sintomas que revelam a crescente perda de qualidade do jornalismo em Portugal.
Já em duas ocasiões encontrei frases em espanhol em textos do Público online (infelizmente não guardei). Também encontrei crianças cancerígenas num artigo do (vergonhoso) Diário de Notícias online. Mas ao ouvir falar sobre a “redacção preguiçosa”, lembrei-me de um artigo, também no Público online, sobre os dez anos volvidos do caso Lewinski. Na altura, lembro-me que já não me lembrava da cara da senhora e decidi procurar na Wikipedia. O resultado foi encontrar uma tradução quase ipsis verbis:
No Público
Depois do escândalo rebentar, Monica entrou de rajada no anedotário norte-americano e na cultura pop mundial. A estagiária mais famosa do mundo admitiu que só sobreviveu ao frenesim dos media através da terapia do “tricot” e passado pouco tempo criou a sua própria colecção de malas de senhora, que vendia através da Internet. O negócio acabou por fechar em 2004.
Por entre fotografias esporádicas na imprensa que davam conta do seu aumento de peso e do seu desequilíbrio emocional, Monica ainda fez algumas aparições públicas, nomeadamente no programa Saturday Night Live, fazendo um cameo como “ela própria”, como indica a Wikipedia.
Depois da publicação do livro “My Life”, a autobiografia de Bill Clinton, em 2004, Monica disse a um tablóide britânico: “Ele [Bill Clinton] podia ter feito as coisas bem, mas não fez. Ele é um revisionista da história. Ele mentiu… [Ele deu a entender que eu é que me lancei para cima dele. Como se eu tivesse sido o ‘buffet’ e ele simplesmente não tivesse conseguido resistir à ‘sobremesa’). Não foi assim. Foi uma relação mútua, mútua a todos os níveis, desde que começou até ao fim…”
Dez anos depois do escândalo, onde está e o que faz Monica Lewinsky? As últimas notícias dizem que terá terminado (Dezembro de 2006) um mestrado em Psicologia Social na London School of Economics, para onde foi estudar em Setembro de 2005. A sua tese de mestrado, igualmente de acordo com informações disponibilizadas na Wikipedia, levou o título In Search of the Impartial Juror: An exploration of the third person effect and pre-trial publicity.
Na Wikipedia:
By her own account, Lewinsky survived the intense media attention by knitting; soon after the scandal she started a business selling her own brand of handbags online, but she closed it in 2004. In 2000 she appeared on The Tom Green Show in which the host took her to his parents’ home in Ottawa in search of fabric for her new business. Lewinsky made a cameo appearance as herself in two sketches during the May 8, 1999 episode of NBC’s Saturday Night Live, a program that had lampooned her relationship with Clinton over the prior sixteen months. She was also the host of the short-lived reality television dating program called Mr. Personality in 2003.
After Clinton’s autobiography My Life appeared in 2004, Lewinsky said in an interview with the British tabloid Daily Mail: “He could have made it right with the book, but he hasn’t. He is a revisionist of history. He has lied. (…) I really didn’t expect him to go into detail about our relationship (…) But if he had and he’d done it honestly, I wouldn’t have minded…. I did, though, at least expect him to correct the false statements he made when he was trying to protect the Presidency. Instead, he talked about it as though I had laid it all out there for the taking. I was the buffet and he just couldn’t resist the dessert. (…) This was a mutual relationship, mutual on all levels, right from the way it started and all the way through. … I don’t accept that he had to completely desecrate my character.”
In December 2006, Lewinsky graduated with a master’s degree in Social Psychology from the London School of Economics where she had been studying since September 2005. Her dissertation was titled “In Search of the Impartial Juror: An exploration of the third person effect and pre-trial publicity.” On the whole, Lewinsky has been reported to find difficulty with moving on with her life.
Embora citada a enciclopédia, o facto de se fazer jornalismo traduzindo o que está na Wikipedia, é um grave indicador de que algo vai mal nas redacções do país.
A National Academy of Engineering publicou há uns dias a lista daqueles que considera serem os maiores desafios da engenharia no futuro próximo. A lista foi produzida por um conjunto de pensadores famosos, como Robert Langer, Craig Venter, Larry Page e foi posta à votação dos visitantes do site. Depois de mais de dezassete mil votos, a classificação foi esta:
1. Tornar a energia solar mais económica
2. Obter energia através fusão nuclear
3. Possibilitar o acesso universal a água limpa
4. Descobrir o funcionamento do cérebro
5. Desenvolver técnicas de aprendizagem personalizada
6. Desenvolver métodos de sequestração de carbono
7. Recuperar e melhorar a infra-estrutura urbana
8. Desenvolver a informática de saúde
9. Criar as ferramentas para o desenvolvimento científico
10. Prevenir o terror nuclear
11. Desenvolver melhores medicamentos
12. Gerir o ciclo do azoto
13. Tornar o ciberespaço seguro
14. Desenvolver a realidade virtual
Cada um dos tópicos dá para longas conversas, mas vou só falar um pouco sobre a ordem da votação. Está patente a preocupação dos visitantes do site na necessidade de preservar recursos do planeta, nomeadamente energia e água. Curiosamente não há nada acerca de técnicas para a produção de alimentos ou de criação de materiais sintéticos menos dependente do petróleo e com produtos mais amigos do ambiente. É interessante também verificar que a compreensão do funcionamento do cérebro está acima do desenvolvimento de melhores medicamentos o que sugere um maior interesse pelo mecanismo do seu funcionamento do que propriamente para o desenvolvimento de nova terapêutica (embora isso seja geralmente uma consequência quase directa do conhecimento).
O desenvolvimento de novas tecnologias e ferramentas para explorar melhor o mundo e o universo é a temática seguinte. Deixo aqui uma citação incluída na descrição deste desafio:
In the popular mind, scientists and engineers have distinct job descriptions. Scientists explore, experiment, and discover; engineers create, design, and build.
But in truth, the distinction is blurry, and engineers participate in the scientific process of discovery in many ways. Grand experiments and missions of exploration always need engineering expertise to design the tools, instruments, and systems that make it possible to acquire new knowledge about the physical and biological worlds.
In the century ahead, engineers will continue to be partners with scientists in the great quest for understanding many unanswered questions of nature.
Paulo Portas escolhe Garcia Pereira para o defender no caso contra ministro da Agricultura. Público
Isto não é um bocado esquisito?
Uma das vantagens da medicina personalizada, nomeadamente o rastreio genético passa pela identificação atempada de factores genéticos que irão produzir doenças no futuro ou avaliar a probabilidade da sua ocorrência. Alguém com uma doença genética degenerativa hereditária poderá, por exemplo, prescindir de ter filhos, para evitar a passagem à geração futura. Também a identificação de determinada predisposição para desenvolver tipos de doenças pode acelerar diagnósticos ou evitar tratamentos errados.
No entanto este conhecimento antecipado poderá a vir revelar-se perigoso socialmente. Um artigo do New York Times revela que o medo destes testes poderá mesmo pôr em risco o efeito positivo que este tipo de análise poderia trazer. O medo não é o próprio ficar a conhecer os resultados, mas sim os outros, em particular companhias de seguros e empregadores.
Poderão as companhias de seguros no futuro exigir testes genéticos e diferenciar os prémios com base nos seus resultados? Este tipo de dilemas irão aparecer num futuro próximo e é preciso começar a pensar ética e legalmente em como lidar com eles.
Nuno Morais Sarmento considera a proposta de retirar a publicidade na RTP, avançada pelo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, como “avulsa” e “não reflectida”, criticando o dirigente social-democrata por tardar em apresentar iniciativas políticas. Público
Só resta saber se a liderança do PSD vai implodir, ou se vai ser desmantelada à marretada, como o Estoril-Sol. Ao contrário do antigo hotel em Cascais, duvido é que demore tanto tempo.
Owens was cheered enthusiastically by 110,000 people in Berlin’s Olympic Stadium and later ordinary Germans sought his autograph when they saw him in the streets. Owens was allowed to travel with and stay in the same hotels as whites, an irony at the time given that blacks in the United States were denied equal rights. After a New York ticker-tape parade in his honor, Owens had to ride the freight elevator to attend his own reception at the Waldorf-Astoria.1
1 Wikipedia
Os ingleses não perdem uma para gozar com os outros, especialmente se são das ex-colónias separatistas. No fim dum artigo da BBC sobre uma acção sem precedentes da Starbucks (fechar as lojas todas dos EUA, ao mesmo tempo, durante três horas para formação) o jornalista Richard Lister fala das restantes cadeias que aproveitaram a ocasião para atrair clientes da Starbucks, oferecendo descontos ou mesmo café de borla. E para rematar:
Alternatively, it is still possible just to go home and make a cup of instant.
Escusado será dizer que eles também nunca foram grande coisa no café. Cházinho e tal ainda vá, mas mesmo isso, se não fossem os tugas…