No MIT, em cada corredor há um bebedouro. Destes, a grande parte é refrigerada, ou seja, tem um frigorífico por baixo que faz com que a água saia fresquinha. Mesmo que não houvessem estes bebedouros, concerteza ninguém morreria à sede nestas redondezas, já que ao sentar-se num restaurante, qualquer pessoa é imediatamente oferecida um copo de água, normalmente gelada. E se se consumir água à refeição, num restaurante, a não ser que seja explicitamente pedido que esta venha numa garrafa, água mineral, portanto, ela virá num jarro e sem custo. No entanto a grande maioria das pessoas anda com um cantil na mochila, como o da figura acima. E não são pequenos, na maioria dos casos à volta de litro, havendo até, muito embora raro, quem traga garrafões de um galão (~3,5 L). Sinceramente, não percebo a obcessão.

Já devia ter escrito algo há bastante mais tempo. Mas não saía nada. O exame correu bem e a vida continua.
Há tempos, um colega meu começou a cantarolar:
“Take a look at my girlfriend
She’s the only one i got (ba ba da da).”
Ao que eu, que não sei nada da letra, segui com:
“Nan nan nan nan
nan nan nan nan nan nan nan
Nan nan nan nan
nan nan nan nan nan nan
nan nan nan
Nan nan nan
Nan Nan
Nan nan nan”
Nisto, ele interrompe-me e diz-me que não é nada assim. Ao que eu digo, é é. E ele diz, que não, não é. Eu volto a afirmar que não é. Para acabarmos com as dúvidas (a internet consegue muito nestas discussões), ele põe-me a tocar esta música. Claro, os Supertramp nunca fizeram rap. Também nunca tinha ouvido a “Dreamer”.
É verdade, nós somos banhados pela cultura americana, talvez em demasia até. Mas é isso que contribui, em conjunto com tantas outras visões do mundo a que estamos expostos, para que de facto sejamos cidadãos globais. Portugal é pequeno, comparado com os Estados Unidos, mas às vezes as coisas aqui também são pequenas.
Confesso que gastei algum do meu tempo a ler os longos artigos do Público sobre o «hediondo crime da socialite» Maria das Dores. Curiosamente a senhora não é Babá das Dores, Teté das Dores, ou Bituxa das Dores. Se nunca ouviram falar, a coisa é muito estúpida: para tentar ficar com o dinheiro do marido, com quem o divórcio era iminente, mandou o motorista matá-lo. Para isso, numa visita a um apartamento vago, não sei alegando qual motivo, subiu nas escadas, enquanto o pobre homem foi de elevador. Ao chegar ao apartamento, o motorista e o cúmplice assassinaram-no com uma moca (de rio maior?). O crime foi perfeitamente idiótico, mas toda a história da senhora (maneta) e do seu filho (em tempos um protegido do José Castelo Branco, enteado do assassinado) é caricata demais para ser perdida. Saiu há pouco tempo o livro “Ganância – A essência de um homicídio”. Este não vou ler, chegam-me os resumos do Público, mas vale a pena atentar à capa do livro, nada abonatória ao falecido, mas certamente a lançar achas para a grande fogueira que é esta tragicomédia do mundo real.

Antes de mais, o subtítulo e a palavra essência; o crime é de tal maneira estúpido, que é impossível ter qualquer essência que seja. Mas vejamos o autor, que por baixo do nome se intitula como pai da vítima. Diria que num caso destes, o parentesco do autor ditaria o potencial para um certo enviesamento da história. Assim como o facto de se auto intitular pai da vítima dá um je ne sais quoide Guilherme Leite e aquele programa que ele tinha sobre casamentos à coisa. Mas o melhor de tudo, a cereja no cimo do bolo, como dizem os americanos, é o autocolante removível da Maria das Dores, «condenada a 23 anos de prisão!». Só ainda não consegui perceber se o autocolante é removível para não estragar a capa do livro, na posteridade, ou se para colar no frigorífico ou no carro.
Ok, não consigo ficar assim tão parado.
“We will see dramatically different spellings in our lifetime,” Mr Hewett predicts, “and it’s because of technology.”
Not exactly the otimo scenario.
in Times Online
Gostei desta última frase (portanto, o bold é meu).
Até 5 de Junho, este blog está parado.
Wish me luck.
Aqui deste lado já vários colegas meus me perguntaram: Então agora vocês vão passar a escrever como os brasileiros?
E dizem que os americanos não sabem nada, ha!
Não sei quem é o autor, mas geralmente gosto de ler o seu blog. Avisa logo no início: “não recomendado a pessoas impressionáveis“. As opiniões lá expressas nunca pecam pela falta de frontalidade e, apesar de nem sempre de acordo, aprecio a mordacidade.
No entanto, na última, O cigarro de Sócrates, não me revejo e sou totalmente contra o que ali é expresso. Reconheço que haja nalguma sociedade uma excessiva preocupação com o fumo e um certo nojo pelos fumadores; sim, isso leva a que muitos outros problemas de incidência semelhante à do fumo sejam ignorados.
Contudo não reconheço que a actual proibição seja “moraleira-totalitária”. Nem sequer a justifico com a necessidade de diminuir os encargos públicos com as doenças auto-infligidas de alguns cidadãos. Reconheço ainda que o tabaco possa ser um prazer, assim como os há tantos outros igualmente prejudiciais para a saúde de cada um de nós, dos quais também eu gosto de desfrutar.
Quanto ao acto de Sócrates, apesar de ridículo (por ter sido atrás de cortinas), apesar de mau exemplo e apesar de constitucionalistas virem dizer que é ilegal, não vejo daí vir grande mal ao mundo. Aliás, não percebo porque é ilegal: o avião não era fretado? Não é considerado como transporte privado? Porque é considerado um espaço público?
No entanto não posso deixar de ser contra o resto do post, em que se afirma que a lei do tabaco é mais uma forma de humilhar, reprimir e moralizar. Sinceramente, cada um faz aquilo que lhe apetece consigo mesmo. O fumo do tabaco é, porém, altamente invasivo e para garantir o prazer de muitos, garante-se o desprazer de muitos outros, isto para não entrar no domínio de questões de saúde. Prazeres muito bem, mas cada um com os seus. A actual pode até ter emanado de lobbies anti-tabaco reaccionários e mal intencionados, mas é uma questão de bom senso.
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ADENDA: Obrigado Duarte e João pelos comentários, realmente não me lembrei da parte do local de trabalho; estou esclarecido, é ilegal. Nisso, então, não há dúvidas, o Primeiro-ministro cometeu uma ilegalidade e deve ser punido. E sim, João, nisso concordo contigo, o exemplo é muito importante. Contudo não concordo com o que dizes Duarte: primeiro há opção (menos de 100 metros quadrados, totalmente fumador ou totalmente não fumador), mais de 100 metros quadrados, zona específica, embora, em ambos os casos, sempre sujeito a regulamentação específica para a extracção do ar. Primeiro, se desse aos comerciantes uma alternativa totalmente facultativa, nada iria mudar, segundo, dá-se a opção aos fumadores, mas não se dá opção aos não fumadores. O fumo só é prejudicial. Ir fumar lá fora, ok, é um bocadinho desconfortável, mas não é nada demais.
Como tenho pouca coisa que fazer e muito tempo entre mãos, ajudei a pôr o primeiro número da revista The Utopian de pé. Vamos ver no que aquilo dá.