26 de fevereiro de 2008

passei pelo o jack o estripador e ele não olhou para mim. ainda sorri discretamente, abrandei o passo e tossi. mas o homem não me percebeu ansioso entre tanta gente para morrer. fiquei a vê-lo seguir pela arcada, levava a mão no bolso certamente armada, terá feito a eternidade depois da esquina, um minuto depois gritavam e havia sangue e o terror espalhava-se por quem tinha sina.
ai o jack o estripador, num livro aberto na cabeceira num mito de beco escuro e hoje ali à minha beira.

escrito por Valter Hugo Mãe
cantado por Paulo Praça

26 de fevereiro de 2008

25 de fevereiro de 2008

Hoje o tempo é escasso, mas quero deixar um texto muito bem escrito pelo Daniel. O Daniel é um amigo meu, colega de curso, e desde Setembro do ano passado anda a viajar pela América do Sul.

Confesso que me tenho sentido um pouco revoltado com a situação por estas bandas. A falta de conhecimento, as falhas na educação das pessoas ultrapassa o tolerável. Não culpo tanto as pessoas, mas mais um sistema de ensino que não funciona ou que provavelmente não se interessa em funcionar. Professores de inglês que não sabem falar inglês é um bom indício de que algo está errado.
Por aqui, expresso-me sempre em português de Portugal. Esforço-me para falar devagar de modo a ser compreendido, mas falo o português de casa. Fico admirado quando me perguntam se sou alemão (até porque me pareço muito com um alemão). Muitos acham estranho quando digo que sou português, pois pensavam que “português” era apenas o nome de uma língua e não tanto o nome dado aos habitante de um país, Portugal. Envergonho-me quando tenho que explicar ao brasileiro onde fica Portugal. Explico da seguinte forma: “sabes onde fica Belém?” e aí normalmente vejo uma cara como de quem já ouviu falar mas não sabe muito bem. “Pois então partes de Belém, atravessas todo o mar até ao outro lado e aí és bem capaz de chegar a Portugal. Fica a milhares de kilometros daqui.”. Não me arrisco a muito mais do que isto. Nós, portugueses, estamos bem habituados a que não saibam onde fica o nosso país. Mas que o brasileiro não tenha sequer ideia de que o país existe, isso já é mais complicado de aceitar. Eu não peço a ninguém que se eduque. Por exemplo, nem me passa pela cabeça censurar um elemento de uma tribo amazónica por não saber que a terra é redonda. Por outro lado, quando vejo aqui as pessoas com grandes telemóveis, toda a gente com um endereço email e com uma conta no orkut. Gente vaidosa viajando com cinco pares de sapatos. Gente que embora tudo isto não tenha a menor ideia acerca da história do Brasil a não ser o que compreende da televisão, das telenovelas. Gente que pergunta a espanhois se são paulistas. Enfim… confesso que me enche de revolta, não pelas pessoas, mas por um sistema com graves falhas. O que sabem acerca de Portugal é o que o Jô Soares transmite. Ou seja alguns estereotipos, a história do “Ora ora, pois pois…”. Sempre que digo que sou português, lançam-me um “Ora ora pois pois”. É que acham que nós constantemente dizemos essa frase desprovida de sentido. Fazem por vezes também um pequeno sorriso, lembrando-se duma ou outra anedota acerca de portugueses estúpidos e ignorantes. O que é aliás bastante irónico, tendo sobretudo em conta a pessoa com quem falo.
Quando é a hora da telenovela, o Brasil pára em frente à televisão. É frequente chegar a um restaurante a essa hora e dar-me conta que o “garçon” não me liga nenhuma porque está absorto na novela. O telejornal é sensacionalista a níveis inimagináveis. O Big Brother é rei aqui. Em São Luís, quis comprar um livro. Dirigi-me a um centro comercial, encontrei alguns alfarrabistas. Procurei lá livros, mas era quase tudo ou espiritual ou de autoajuda. Não me interessou. O meu amigo, israelita, claro que não ia comprar um livro em português e não ia encontrar um livro em hebreu. Perguntou se havia livros em inglês. Disso nada. Em nenhuma parte conseguiu encontrar um só livro em inglês. Mas é que nem pensar. Dirigi-me a um centro comercial. Cheio de lojas de roupa de marca. Bem caras por sinal. No canto mais recôndito do centro, lá encontrei uma livraria. Só um livro me chamou a atenção, pois não sou muito virado para livros espirituais ou religiosos. Sorte foi ser um bom livro a que já me referi noutro artigo. Em Santarém, também procurei um livro. Lojas de tudo encontrei eu. É o regresso às aulas: cadernos por toda a parte. Mas livros… não. Uma livraria só: livros escolares, espirituais e de autoajuda. Se calhar não procurei nos sítios certos. Ou então, estarei mal habituado?
Vendo e conversando com as crianças, a revolta aumenta mais ainda. As crianças são curiosas. No barco, juntavam-se à nossa volta com perguntas, querendo saber mais. Encontrei um mapa do mundo com o qual dei uma lição de geografia a um miúdo de 13 anos. Este jovem, inteligente, não tinha medo de fazer perguntas, e via-se a vontade que tinha de aprender. Infelizmente. A mim pareceu-me um desperdício. Não imagino as suas capacidades sendo aproveitadas. Muitos dos passageiros não estavam apenas de passeio: muitos deles iam para Manaus começar uma nova vida. Um ia para a Guyana Francesa recomeçar do zero. Encontra-se ambição e vontade nesta gente, uma ambição e uma coragem que dão prazer de ver e sentir: a esperança na qual sabe tão bem nadar. Mas com as falhas na educação, as possibilidades oferecidas a esta gente acabam por ser limitadas.
Torna-se ainda pior quando me apercebo que a ignorância é mais que tudo uma ferramenta política, uma ferramenta de opressão. Fomentada e financiada. Dão-lhes futebol, cachaça e sexo. Não é necessário mais nada para viver uma vida tranquila.
E no meio de tanta ignorância, não é de admirar a total falta de respeito pela natureza. Os outros passageiros do barco atiravam lixo borda fora com total desprezo. Beatas, latas de cerveja, garrafas de plástico, tudo… não importava nada. Porque não atirar as coisas para o rio: não há entraves. O desprezo era tão grande que não havia nada a dizer, nada a fazer; mesmo que tentasse dizer a alguém para não fazer isso e lhe tentasse abrir os olhos, julgo que a pessoa irá olhar para mim admirada, sem compreender porque estava eu com essa conversa. E quando o desprezo chega a estes níveis, também não admira que haja tantos lenhadores ilegáis e orgulhosos de o serem. Havia um que só falava disso no barco, bêbedo e feliz por o seu negócio ser rentável. Quando confrontado com a falta de moral da sua profissão, ele respondia que não havia problema que a Amazónia era grande e ele não iria fazer diferença. Actualmente fala-se em 40% da amazónia brasileira desflorestada, não?
Peço desculpa se neste artigo pareci um pouco arrogante. Eu tenho esperança nas pessoas, e um dos motivos desta viagem foi exactamente verificar se valia a pena. Em muitos lugares senti que sim, mas aqui os problemas estão tão enraizados, são tão profundos que só uma verdadeira revolução social poderá alterar o futuro desta gente. Acredito que educando esta gente, o Brasil e o Mundo mudarão. Mas a plebe será sempre plebe, e é assim que queremos ter as coisas, não é?

25 de fevereiro de 2008

22 de fevereiro de 2008

Trabalhar na EMEL, é, como todos sabemos, logo à partida uma ocupação ingrata. Tirando a vantagem de se andar muito, os fiscais têm de se vestir daquele verde que, não bastando ser a cor do Sporting, lhes deu a alcunha de marcianos e os identifica a pelo menos três quilómetros de distância, quando a visibilidade assim o permite. No entanto, parecendo que não, há coisas bem piores. Ora vejamos:

Tentei acalmá-lo, mas deu-me um soco na boca que me tirou os dentes do sítio.

Não bastava o Natal estragado, João Cunha começou o ano de 2008 com um aparelho na boca para tentar que os dentes voltem ao lugar. Também um fiscal brasileiro, segundo um colega ouvido pelo Público, foi agredido depois de ser transferido para uma zona de tolerância zero:

Já não se conseguiu levantar, teve de sair dali de ambulância. Sofreu um traumatismo craniano e esteve três semanas de baixa. Era a terceira vez que era agredido. Também já tinha sido alvo de tentativa de atropelamento.

Ainda há heróis!

22 de fevereiro de 2008

20 de fevereiro de 2008

Em conversas com o Ricardo estávamos a discutir a importância do suporte físico para os dados informáticos. Claro, os dados estão sempre em suporte físico em algum lado… Pode parecer mas a internet não é um conjunto abstracto de coisas, pelo contrário! A discussão surgiu após a alegada vitória do Blu-Ray sobre o HD-DVD, o novo standard para suportes ópticos.
A minha questão era que penso que o suporte físico tipo disco vai ser de pouco interesse para a maioria dos consumidores a curto prazo. E isso deve-se ao crescente impacto da distribuição de conteúdos via internet. De jogos, a filmes, de tudo um pouco já há distribuição online. E são cada vez mais os serviços que dispõe de download ilimitado. Mesmo suportes como a IPTV (género Meo e afins) contribuem para esta desmaterialização do suporte físico. Como exemplo quero deixar a imagem abaixo:

Cliquem nela para ir para o Picasa onde podem descarregar o screen-shot completo. É um exemplo de streaming de alta definição, disponibilizado pela ABC (infelizmente o serviço não está disponível para fora dos Estados Unidos) e é, literalmente, melhor que televisão. Avaliem por vocês mesmos a qualidade; foi capturada sem sequer fazer pausa. É bem mais prático que qualquer disco, embora venha com anúncios atrás…
Resumindo e concluindo, isto tudo para dizer que acho que o suporte físico tipo CD/DVD irá apenas para servir para backups ou grandes transferências, instalações ou assim. O futuro do armazenamento de dados, sobretudo multimédia, que é o grosso dos dados dos consumidores normais será em discos externos e (para já ainda residual) o armazenamento online. Aplicações como o Time Machine da Apple são o primeiro passo para a banalização do processo de armazenamento online/em intranets. Veremos se tenho razão ou não!

20 de fevereiro de 2008

18 de fevereiro de 2008

Na passada quinta feira, na aula de Biologia Celular, entra um rapaz engravatado porta a dentro:
 – Professor, we have a message of love to deliver.
Nisto entram mais dez ou doze mancebos, também eles engravatados, à procura da Rosa e depois de a encontrarem, todos à volta dela, cantam-lhe uma serenata de cinco minutos. E cantavam bastante bem. Eles aqui levam o 14 de Fevereiro muito a sério.

18 de fevereiro de 2008

17 de fevereiro de 2008

É de ouvir a entrevista de ontem do advogado Miguel Veiga a Maria Flor Pedroso (TSF, disponível em podcast aqui). A entrevista é, toda ela, bastante interessante, passando por momentos como a elaboração sobre o centro-esquerdismo original do PSD. Mas o que me ficou mais no ouvido foi a forma como desancou nas recentes direcções do Partido Social Democrata começando pela a deserção de Durão Barroso. A actual direcção Menezes/Santana é literalmente fuzilada:

(…)… eles não são críveis, não são ideologicamente consistentes, não são fiáveis. (…)

(…) As manifestações políticas do PSD são tão frágeis, tão desventradas, tão descoloridas, tão anémicas, tão avulsas, tão voláteis, que eu não sei onde é que ele está, eu não sei politicamente analisar aquilo que eu chamo das evanescências. (…)

É também notória a diferença do discurso dos dois contemporâneos, Miguel Veiga e Manuel Alegre (também ele entrevistado por Maria Flor Pedroso, a 19 de Janeiro – disponível para ouvir aqui). Mas a esse tema voltarei noutro dia.

17 de fevereiro de 2008

17 de fevereiro de 2008

Não é que eu seja propriamente um especialista na coisa, nem pouco mais ou menos. Mas esta discussão do acordo ortográfico parece-me um bocado idiota. À partida já não acho piada nenhuma ao facto de ter de passar a escrever a palavra facto como fato, ou outras que tais: ação, ótimo, vetor. Mas suponhamos que até aceitávamos todos isto, em Portugal.


Uma das razões que invocadas é haver uniformidade na língua, evitando-se assim as traduções  de livros para português de Portugal e português do Brazil. No entanto, a língua não é só ortografia. Os brasileiros usam palavras como câncer em vez de cancro, ou concreto em vez de betão. E isto não é, claramente, algo que faça parte do âmbito do tal acordo ortográfico. Sendo assim, se a maneira como se usam as palavras é diferente, será que há interesse em escrevermos todos da mesma maneira?

17 de fevereiro de 2008

16 de fevereiro de 2008

Vasculhando por coisas antigas encontrei isto:



Ha!

16 de fevereiro de 2008

15 de fevereiro de 2008

Há por estes lados um site, de seu nome Craigslist, que funciona como uma espécie de quadro de anúncios. E lá há de tudo: desde aluguer de apartamentos a ofertas de bicicletas. O site é mundial, mas presumo que actividade seja maior aqui nos Estados Unidos. Mas se a maioria das pessoas que lá põe anúncios é relativamente sã (vários amigos meus já fizeram trocas comerciais depois de verem anúncios no site), também as há que não têm muito juízo. Pouco antes do Natal encontrei este: 

I need a Wii before christmas and ill be more then happy to have a casual encounter with a guy for one in excange. I’m into a lot of things so just tell me what you want and ill tell you if i can comply. this isnt a scam but i only need one wii so a pic would be great.

15 de fevereiro de 2008

13 de fevereiro de 2008

jailbreak

Não sou de posts muito tecnológicos, mas aqui vai um link para quem tenha comprado um iPhone e ande com ele parado aí para os lados de Portugal. Não só faz o jailbreak como também desbloqueia e para tal só é preciso carregar num botão. Sem chatices, sem maçadas. Funciona que é uma maravilha!
Descarregar o software aqui: iJailbreak.

13 de fevereiro de 2008

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