18 de outubro de 2007

Como? O Criacionismo como negação de Deus? Mas não é precisamente o contrário?

Segundo a definição da Wikipedia, o criacionismo é uma doutrina que advoga que a complexidade dos sistemas vivos é de tal forma grande e imcompreensível, que é impossível que o estágio actual da vida na Terra tenha sido alcançado por mero fruto do acaso. Não há maneira de interacções e combinações aleatórias tornarem elementos simples, como átomos e moléculas, em sistemas complexos, como os seres humanos, mesmo actuando ao longo de muitos milénios. Assim renegam a teoria da Evolução de Darwin, apontando Deus como o único interveniente possível para a concepção deste mundo tão complexo e, politiquices ao meio, pretendem que o Criacionismo seja tratado pela Ciência em pé de igualdade com a Evolução. 

Desta segunda temática não vou sequer falar, porque simplesmente não faz sentido obrigar a ciência a ter de sequer considerar um tema que não lhe diz respeito. A ciência debruça-se sobre temas que podem ser validados (ou vir a ser validados) segundo o método científico e dizer que por magia ou por intervenção superior as coisas tal como elas são agora apareceram assim, de repente, não é, para já, algo que sequer se imagine que seja possível englobar no método científico, ainda que eventualmente verdadeiro.

A minha questão prende-se com a visão redutora da intervenção divina que os criacionistas têm. Ao afirmarem que a Natureza é de tal modo complexa para ter evoluido, i.e., alcançar por si só, sem intervenção externa, este estágio que agora conhecemos, os criacionistas negam ao próprio Deus a possibilidade de Ele ter criado um sistema verdadeiramente elementar, mas com regras e características tão bem feitas que permitem que a evolução exista. Ou seja, se Deus existir mesmo e se eventualmente tiver criado um universo que evoluiu por si próprio desde o Big Bang até aos dias de hoje, os criacionistas recusam-se a acreditar nesse Deus. Não são eles que dizem que as coisas mais bem desenhadas têm de ser criadas por Deus? Que tal um Universo tão bem, mas tão bem desenhado que evolui sozinho, que nem Deus toca nele?

Ao menos a ciência ainda pensa nesta hipótese… Voltarei a este assunto.

18 de outubro de 2007

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