30 de Abril de 2008
João, eu sei que venho com uns dias de atraso, mas cá vai (isto um tipo já não pode ter estas conversas live, portanto tem de ser por aqui. o outro com quem tinha também se foi embora.).
Vamos lá ver uma série de coisas: eu não sou fã do Menezes, por quem, como dizes e é verdade, tenho um ódio de estimação, assim como de Santana e afins, mas também não sou grande apreciador do Mendes. Quando disse que o PSD vinha a dar passos no sentido de se tornar mais credível, não digo que tivesse atingido esse patamar. Pelo contrário, como dizes, as sondagens davam um lugar bastante baixo. No entanto, para mim, o lugar dum partido nas sondagens, não está directamente correlacionado com a sua credibilidade: o CDS pode apresentar propostas credíveis (e com isso não quero dizer que concorde com elas), mesmo sendo o quarto ou quinto partido, assim como o PS pode apresentá-las sem credibilidade nenhuma. Quando disse que Mendes fazia subir a credibilidade, quero dizer que fazia com que o PSD mostrasse uma atitude minimamente séria. A forma como Mendes tratou Isaltino, ou o caso da Câmara de Lisboa, foram para mim exemplos de seriedade. Isso não quer dizer que estivesse a fazer boa oposição. Claramente não estava, era tudo muito mortiço, mas também não fez jogo sujo. Menezes, para mim, não só não fez oposição de jeito, como, pelo contrário, fê-la de forma contraproducente para o PSD e para o país.
Quanto à forma que o Menezes foi massacrado, concordo contigo: ele foi fustigado mal lá chegou. Mas a verdade é que ele próprio não só se dispôs a isso (vulgo pôr-se a jeito), como é o tratamento que ele próprio dá aos outros. Não só preparou um assalto à liderança, minando Mendes, como desde há muito está habituado a ser um guerrilheiro em diversas frentes (contra o “Sul” interno do PSD e do país, contra Rio etc.). Nisto tudo, no entanto, acho que muitos dos que o criticaram tão veementemente se portaram mal, e não só nessa altura, mas desde o momento em que não se quiseram dar ao trabalho e mandaram Mendes aguentar o PSD, um partido (humilhantemente) derrotado e com um longo caminho pela frente.
É aqui que discordo de ti, quando dizes “que a diferença entre Mendes e Menezes (até os nomes são semelhantes), foi pouca ou nenhuma”. Não só acho que Menezes não foi sério na maneira de fazer política, como foi altamente desconexo e arbitrário nos conteúdos. Relembro-te que daquele homem saíram pérolas como “desmantelar o Estado em seis meses”, “o país precisa de uma nova Constituição”, ou “a situação de insegurança no país está a atingir limites insustentáveis”.
Quanto à surpresa que dizes ter da saída dele, sim, fiquei surpreendido e o que critico não é ter saído (ainda bem que saiu), mas, novamente, a falta de coerência. Primeiro porque sendo guerrilheiro e incendiário como é, deveria ter estofo para aguentar – um bocado como pôr o Jaime Pacheco a jogar e ele desistir mal leva uma canelada, dizendo que assim não dá. Segundo, porque se está tão convencido que o partido o quer, que são só uns “barões” que não gostam dele, porque não fica? Ou não se submete novamente ao escrutínio do partido? Ainda bem que não o faz, fico contente por isso, mas não deixa de ser um incoerência. Sinceramente não faço ideia porque saiu, ainda não ouvi nenhuma razão plausível e sim, poderá ter sido, como dizes, porque concluiu não ter capacidade para unir o partido, embora não me pareça plausível, nem está de acordo com as justificações.
E sim, concordo que talvez até tenha sido bom para dinamizar o partido internamente. Vamos lá ver agora o que acontece.