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Em Milão | ao telefone

10 de setembro de 2013   ·   in English

9 de setembro de 2013

No ano passado, perante o desfasamento entre o número de candidatos ao Ensino Superior e as vagas disponibilizadas, fiz uma pequena análise para perceber a capacidade de prever o número de estudantes no Ensino Superior através da natalidade. Desse modo talvez se pudesse dimensionar melhor a oferta de vagas. Fiz um modelo para prever o número de alunos que termina o ensino secundário a cada ano, mas concluí que esse parâmetro por si só não é suficiente:

Desta forma, este parâmetro não é suficiente para prever o número de vagas a serem criadas, já que à medida que o grau de instrução da população aumenta – de forma idêntica ao que aconteceu com o ensino secundário – prevê-se que aumente a proporção de alunos que procura o ensino secundário. Assim, a baixa de natalidade é contrariada por aumento da percentagem de alunos que prosseguem os estudos.

No entanto, o parâmetro serviu para olhar para o número relativo de vagas e candidatos por aluno que termina o secundário e daí extrair algumas considerações. Além disso, observei que há uma enorme correlação entre o número de candidaturas e a média do exame de matemática A. Na altura fiz as seguintes previsões:

  1. o facto de ter havido o programa “Novas Oportunidades” não se traduz em mais pessoas a procurar o ensino superior. Não vimos aumento devido aos que certificaram o secundário e não veremos, também, aumento nos próximos anos, devido aos que certificaram o básico e que teriam, posteriormente, completado o secundário.
  2. não havendo alteração de dificuldade dos exames/programas, teremos uma estabilização do número de candidatos em cerca de 45.000/ano até 2017 (cerca de 40% da população que acaba o 12º ano), por ventura ainda um ligeiro decréscimo para o ano. Esta minha previsão significa que o único factor de aumento da proporção dos alunos que prosseguem estudos superiores tem sido exclusivamente a dificuldade dos exames. Em particular, não vejo influência da conjuntura económico-financeira, mas o modelo é validado com os dados relativos a 2000–2012 altura em que, verdadeiramente, só nos últimos 2–3 anos as coisas se tornaram realmente más. Há no entanto potencial para ficar pior, o que muito possivelmente faria diminuir o número de alunos que seguem para o ensino superior.
  3. se o número de vagas continuar a variar da mesma forma e, novamente, o grau de dificuldade não variar, a disparidade entre a procura e a oferta vai continuar a aumentar. É possível que isso não se venha a ver, uma vez que já há notícias de congelamento de vagas.

Utilizando o modelo do ano passado (só com valores relativos à primeira fase), vemos uma vez mais que a média do exame de matemática A se correlaciona muito bem com o número de candidatos:

Rácio entre vagas e número alunos que terminam o 12º ano e entre candidatos e número de alunos que terminam o 12º ano. Comparação com as médias da prova de matemática A.
Rácio entre vagas e número alunos que terminam o 12º ano e entre candidatos e número de alunos que terminam o 12º ano. Comparação com as médias da prova de matemática A. As cores de fundo representam “eras” de diferentes graus de dificuldade no exame nacional.

As três previsões essencialmente confirmaram-se:

  1. Continuamos a não ver o programa “Novas Oportunidades” a contribuir para o aumento de alunos no Ensino Superior.
  2. A correlação do número de candidatos com o “nível de dificuldade” do exame de matemática continua a verificar-se, essencialmente nos mesmos termos. É certo que este “nível de dificuldade” pode englobar outros parâmetros. Para referência, a Sociedade Portuguesa de Matemática considerou que o exame teve “um nível de exigência semelhante ao realizado no ano passado”, ao passo que a Associação de Professores de Matemática considerou o exame “bem mais difícil e extenso do que no ano passado”. Não tenho nenhum mecanismo de controlo para despistar se, por exemplo, a conjectura económica influencia directamente o sucesso académico dos alunos, sendo que poria pressão directamente na nota. Custa-me a crer, mas não tenho nenhum controlo para invalidar esta hipótese.
  3. Continuamos a ver a disparidade entre o número de vagas e candidatos a aumentar. Isto deve-se não só ao meu postulado aumento de dificuldade dos exames, mas também é devido à não persecução duma política de racionalização da oferta de vagas. Embora estas tenham diminuido cerca de 1,6%, o número de alunos colocados na primeira fase no ano passado diminui 4,4%. Já no ano anterior o número de colocados na primeira fase tinha diminuido 7,3%, mas as vagas só diminuiram 2,3%. Este ano os colocados de primeira fase voltam a diminuir cerca de 7,4%. Como o gráfico indica, o superavit de vagas continua a engrossar, especialmente tendo em conta o número relativo à pool de possíveis candidatos.

No ano passado o governo impunha que não fossem abertos “cursos com menos de 20 vagas, a não ser que preparatórios de Artes ou resultantes de protocolos internacionais, que não sejam financiados pelo Estado ou quando se prove a sua “especial relevância”, entre outras excepções.” Este ano o Público adianta que “30% dos cursos ficaram com dez ou menos candidatos colocados”.

Claro, nesta notícia do Público há o normal apontar de dedos: o Bastonário da ordem dos engenheiros a dizer que se criaram cursos de engenharia como “cogumelos” – em parte é verdade, mas é mais substancial a quebra de alunos a entrar no Ensino Superior e, se eu tiver razão no que diz respeito à correlação com o grau de dificuldade dos exames, o número de alunos universitários foi artificialmente aumentado entre 2007 e 2010. Podemos comparar os números de 2013 com 2000: as vagas aumentaram 10%, ao passo que o número de candidatos (de primeira fase) é 23% menor. Na altura eram colocados 76% desses candidatos, agora 93%. Posto isto, não há dúvida: há que se redimensionar a oferta.

A segunda voz é a do sindicalista Mário Nogueira que diz que “desde que os governos começaram a fazer aumentar o desemprego dos professores e desvalorizaram as carreiras, criaram um clima de instabilidade e precariedade enormes” para explicar a redução das taxas de ocupação de cursos na área da formação de professores e ciências da Educação. Não digo que não seja verdade, mas mais verdade é aquilo que disse acima: há menos alunos, logo precisamos de menos professores. E basta olhar para o gráfico do número de alunos no ensino básico e secundário – há pouco a fazer com a natalidade que temos.

Resta-me dizer que mantenho as previsões do ano passado para o o próximo ano, sendo que não tenho maneira de tentar adivinhar o tal “nível de dificuldade” dos exames, pelo que não posso dar números concretos.

9 de setembro de 2013

15 de agosto de 2013

A lei da limitação dos mandatos autárquicos é verdadeiramente um espelho daquilo com que contamos da parte de quem nos governa, envolvendo os três poderes: o legislativo, o executivo e o judicial. Não, não somos o único país imperfeito, longe disso, mas aqui está um exemplo que resume muita coisa. A lei foi feita (propositadamente?) de forma pouco clara – nem o Presidente da República sabe o que lá está dito, sendo que foi ele que a promulgou. A Assembleia da República recusa-se a clarificar o espírito da lei. O chefe da maioria e do Governo, pouco faz pelo esclarecimento, porque quase todos os autarcas em dúvida são do seu partido. O chefe da oposição também pouco ajuda, já que no seu caso, não tem quase autarcas envolvidos. Enquanto isto, a semanas das eleições, temos candidatos-autarcas em dúvida sobre se estão em situação legal, ou não, para se poderem candidatar e todos os dias vêm a público decisões judiciais contraditórias, sendo que parece que cada tribunal interpreta a lei de forma diferente.

A corrupção no poder local é um fenómeno grave, num pasto fértil para o florescer do caciquismo e do clientelismo partidário. A lei talvez tenha tido como motivação inicial o combate à corrupção nestes círculos. No entanto não conseguimos chegar à discussão sobre se ela faz sentido como instrumento para tal, já que nem sequer chegamos a uma conclusão sobre que sentido tem o que lá está escrito. E ninguém mexe uma palha para evitar ou resolver este imbróglio que atinge um dos elementos fundamentais e elementares da democracia: a possibilidade de ser eleito e fazer eleger.

15 de agosto de 2013

snowyBoston
Neve em Boston | Uma rua depois do Nemo

15 de maio de 2013   ·   in English

16 de abril de 2013

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Hoje, tinha acabado de chegar a Danijela, vinda de Nova Iorque, e fomos comer qualquer coisa a um tailandês aqui ao pé de casa, em Fenway. O dia estava morno, mas agradável, com a Primavera finalmente a dar um ar da sua graça aqui em Boston. Durante o almoço ouvimos duas explosões. Estranhei. Pensei que fossem de uma construção, embora devesse ter chegado à conclusão de que não podiam ser, já que hoje é um quase-feriado aqui em Boston. É dia de maratona — a maratona de Boston — e durante a manhã houve jogo dos Red Sox. Estava imensa gente na rua a aproveitar o dia. A Danijela, croata, disse que fazia lembrar um canhão que todos os dias, pelo meio-dia, é disparado em Zagreb. Meia-hora depois telefonavam-me de Portugal a saber se estávamos bem. Só aí me dei conta de que tinha havido um atentado na meta da maratona de Boston, a menos de dois quilómetros dali, a dois quarteirões de onde vivia no ano passado, em frente ao prédio do consulado português, na montra duma loja onde já comprei uns óculos. O resto do dia foi deprimente. Não é que a escala do atentado tenha sido enorme, mas qual tiroteio numa escola, foi perpetrado contra pessoas que se reuniam num evento pacífico e de comunhão. Num dia em que quase todos nesta cidade param, saem à rua, apreciam a vida. E agora todos nos sentimos um bocadinho mais inseguros, num mundo que não precisa de mais disto.

16 de abril de 2013   ·   in English

13 de abril de 2013

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Eh pá! É Portugal, é Portugal! Mas espera aí… porque é que as luzes em Paris e Barcelona acendem-se depois de Madrid e Lisboa? Afinal a Terra gira ao contrário! Só que a rotação está bem! É o Sol que está confuso? Parece-me que os senhores da Universal estão universalmente baralhados.

13 de abril de 2013   ·   in English

10 de abril de 2013

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Harmony, liberal intercourse with all nations, are recommended by policy, humanity, and interest. But even our commercial policy should hold an equal and impartial hand; neither seeking nor granting exclusive favors or preferences; consulting the natural course of things; diffusing and diversifying by gentle means the streams of commerce, but forcing nothing; establishing (with powers so disposed, in order to give trade a stable course, to define the rights of our merchants, and to enable the government to support them) conventional rules of intercourse, the best that present circumstances and mutual opinion will permit, but temporary, and liable to be from time to time abandoned or varied, as experience and circumstances shall dictate; constantly keeping in view that it is folly in one nation to look for disinterested favors from another; that it must pay with a portion of its independence for whatever it may accept under that character; that, by such acceptance, it may place itself in the condition of having given equivalents for nominal favors, and yet of being reproached with ingratitude for not giving more. There can be no greater error than to expect or calculate upon real favors from nation to nation. It is an illusion, which experience must cure, which a just pride ought to discard.

Washington, The Farewell Address

10 de abril de 2013   ·   in English

Lisboa
Lisboa Simpática | No inverno

5 de abril de 2013   ·   in English

3 de abril de 2013

Sou emigrante. Em raras ocasiões dou-me ao trabalho de ouver o Telejornal da RTP (Rádio e Televisão Portuguesa, antiga Rádio Televisão Portuguesa). Como gosto de computadores e não tenho televisão, tenho um programa que serve de Media Center, misto de agregador de filmes, séries e outros programas de televisão. Não vale a pena entrar em detalhes técnicos, mas o programa chega-me através duma feed RSS, uma espécie de livro de registos de cada emissão. Basta saber o endereço desse registo e o programa vai buscar cada edição, que fica à minha disposição.

Em meados do mês passado resolvi ver o Telejornal, mas desde o dia 9 de Março que não havia novas edições. Como os meios de comunicação portugueses, salvo raras excepções, ligam peva às modernices e menos respeito têm pelos que as usam, não estranhei: a coisa já tinha acontecido em variadas outras ocasiões. Os senhores julgam por bem mudar o endereço da tal feed RSS e, nem água vem, nem água vai, não avisam ninguém. Serviço público. Protestei no Twitter e alguns dias depois disseram-me que estava tudo noutro sítio. Tudo? Não! É que agora há um endereço novo, não só para a tal feed como para o próprio programa. É que já não é Telejornal. Agora é o Telejornal+ 360º . Pelo menos no mundo da internet, onde até próxima mudança, vai ficar lá o António Esteves de boca aberta. Na televisão parece que ainda é só Telejornal.

O Telejornal é o programa mais antigo da RTP e existe com esse nome desde 1959. Pelo menos aí, não lhe mudam o nome, mas na internet, a sua casa mudou de endereço. Como já tinha mudado em 2012 quando a RTP estreou o novo site. Na BBC o endereço do News at Six é o mesmo desde 2008. Ou o Anderson Cooper 360º, com o mesmo endereço (ou redireccionamento) desde 2003.

No entanto, há que reconhecer: isto é um sintoma de algo mais grave que afecta muitos portugueses, senão todos, especialmente aqueles que têm a seu cargo a direcção de entidades. Cada vez que vem um governo novo, mudam-se nomes a ministérios, por exemplo, o Ministério da Agricultura e afins, desde 1975 já se chamou:

  • 1975 – Ministério da Agricultura e Pescas
  • 1981 – Ministério da Agricultura, Comércio e Pescas
  • 1993 – Ministério da Agricultura, Florestas e Alimentação
  • 1986 – Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação
  • 1991 – Ministério da Agricultura
  • 1995 – Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
  • 2004 – Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas
  • 2005 – Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
  • 2011 – Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT!)

Ora, a mim não me têm deixado em paz. Depois do Telejornal, fizeram-me chegar que o Instituto Camões, “criado para a promoção da língua portuguesa e da cultura portuguesa no exterior” e galardoado em 2005 com Prémio Príncipe das Astúrias para as Comunicações e Humanindades, juntamente com a Alliance française, a Società Dante Alighieri, o British Council, o Goethe-Institut e o Instituto Cervantes, já não se chama instituto Instituto Camões. Não. Agora é Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I. P., abreviadamente designado por Camões, I. P. Não é um bocadinho pessoal demais? Só Camões? Qualquer dia pedem para tratar por “tu”. E claro, toca a mudar de logotipo, papel de carta etc. etc. Na página do instituto podem até consultar a Missão do Camões. O endereço é que teimosamente permanece www.instituto-camoes.pt. Escusado será dizer que a Alliance française tem o mesmo nome desde 1883, data da sua criação, a Società Dante Alighieri, desde 1889, data da sua criação, o Goethe-Institut desde 1951, data de formação para substituir a nazificada Deutsche Akademie, o British Council desde 1936, altura em que a sua designação foi encurtada do British Committee for Relations with Other Countries com que havia sido criado dois anos antes. E por aí adiante.

Dias depois, ouvia rádio portuguesa enquanto lavava os dentes e a meteorologia, segundo consta, já não é dada pelo Instituto de Meteorologia que me era familiar aos ouvidos. Não, agora é o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Parece que já é novidade do ano passado, mas tenho estado distraído. Instituto de Meteorologia era o nome desde 1993, porque anteriormente, em 1973, a entidade tinha sido rebaptizada de Serviço Meteorológico Nacional (designação com que havia sido criada em 1946) para Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica. O mais curioso é que o Mar e Atmosfera são objecto de estudo da… Geofísica! E claro, em para consumo doméstico “nacional” ou “português” é a mesma coisa. Toca a mudar de logotipo, papel de carta etc. Ao menos o www.meteo.pt já aponta para o www.ipma.pt. Hmmm… e agora, vale a pena dizer? Cá vai de rajada: Norske Meteorologiske Institutt (1866), Deutscher Wetterdienst (1952), National Weather Service (1970), Meteorological Office (1854) condensado para Met Office. Os espanhóis já são mais como nós.

Se quiserem mais alguns exemplos, mais logotipos e papel de carta:

  • o Instituto dos Museus e da Conservação, I. P., híbrido de 2007 que agregou o Instituto Português de Museus e Instituto Português de Conservação e Restauro. Claro, o nome tinha de mudar. Mais logotipos e papel de carta. O endereço de internet é que teimosamente continua como www.ipmuseus.pt;
  • o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I.P., híbrido de 2007 que agregou o Instituto Português do Património Arquitectónico e Instituto Português de Arqueologia. Claro, o nome tinha de mudar. Mais logotipos e papel de carta;
  • claro que o acima mencionado IPPAR, já tinha sido uma redenominação de 1992 do Instituto Português do Património Cultural, fundado em 1980. Mais logotipos e papel de carta;
  • o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana que em 2007 deixou de ser o Instituto Nacional de Habitaç…

aaaaaaahhhhhhhhh!

3 de abril de 2013

Das Janelas Verdes
Green Clouds Christ | Das Janelas Verdes

16 de janeiro de 2013   ·   in English

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