8 de dezembro de 2006

7 de dezembro de 2006
Se a Nossa Senhora fosse beta, o menino Jesus era o menino Jesus Maria.
3 de dezembro de 2006
Hoje, vem no Público a seguinte notícia sobre o perfil do jovem português, em que se diz que
(…) relatório realça que “hoje a condição juvenil corresponde a um tempo mais alargado” (até aos 29 anos), entre outros factores por via do prolongamento das carreiras escolares, do retardamento e da vulnerabilidade da entrada dos jovens no mercado de trabalho, cada vez mais sujeitos ao desemprego, subemprego e emprego temporário.
Todos sabemos das dificuldades que os jovens sentem nos dias de hoje. Mas e nos anos 60, quando havia grande quantidade de população rural não subsidiada, não havia também más condições de emprego? Ou nos anos 80, quando os créditos à habitação tinham taxas de 10% e 20% ou nem havia créditos ao consumo.
Uma das conclusões mais importantes que acho que não referem é que a maioria dos jovens de hoje não abdica do seu estilo de vida e saindo de casa dos pais, querem levar todas as condições, se possível ainda melhor.
28 de novembro de 2006
A memória falha-me no sentido de produzir situações concretas, mas a ideia que tinha, especialmente do tempo em que apresentava o telejornal da noite da RTP2, era a de que a drª. Fátima Campos Ferreira era uma agradável entrevistadora, que possuia o cada vez mais raro talento de deixar falar os entrevistados. Ora, anos volvidos, desta feita no programa Prós e Contras, a mesma senhora jornalista, não sei se por sede de protagonismo, ou por mera falta de sentido de estar, tornou-se no verdadeiro ponto negro do programa – pelo menos da parte vísivel do programa – cortando, interpelando, atropelando ou mesmo esmagando as intervenções dos seus convidados. O caso torna-se gritante nos casos em que manifestamente não domina os assuntos. Ontem, frente ao reitor da UTL chegou mesmo a roçar a má educação.
21 de novembro de 2006
O voip é, realmente uma grande coisa. Agora que a anacom aprovou a numeração de voip-in – vão ser os “30” – e com sites como o voipcheap.com, que dão chamadas de borla para rede fixa e a €0,06 + IVA para móveis, daqui a pouco é que deixamos mesmo de precisar de redes fixas. E mais. Se o wifi público avançasse em quantidade e qualidade, os telemóveis também deixam de ser precisos. Mas até chegarmos aí ainda falta. Provavelmente o futuro mais imediato serão os telemóveis híbridos, GSM + WiFi, que nos permitem estarmos sempre cobertos por uma rede móvel e, onde houver cobertura de internet, ligados por Voip. Ora em casa, é muito fácil estarmos ligados à net permanentemente e no exterior, embora ainda escasso e caro, as coisas estão a melhorar. Um exemplo são os preços cada vez mais baixos, da netcabo fora de casa, ou iniciativas como os Jardins Digitais.
[EDIT.] Como muito bem apontou o Botas, GSM é do tempo dos avozinhos. Mea culpa. Queria dizer, redes móveis, sejam elas as que forem. GSM, GPRS, UMTS, etc. e tal.
21 de novembro de 2006
Era mais que minha obrigação, por diversas razões, e há que tempos que isto aqui devia estar: Scandinavian Diary.
14 de novembro de 2006
Tenho andado ausente. Ainda não sei bem para quando, mas o regresso aqui e a outras coisas como o podcast ainda não são para já já já. Uma das muitas razões é a feitoria deste site: Beguinhos.com. Um negócio familiar de aluguer de curta-duração de um apartamento em Alfama, que agora começamos e que espero que venha a ter muito sucesso. Para quem não conhece, que dê um salto ao site. Para quem já conhece… bem, dêem um salto também! Bugs e coisas assim são benvindos para poderem ser exterminados.
19 de outubro de 2006
A qualidade paga-se.
Eu detesto o Metro, o Destak, a Dica da Semana, o Jornal da Região e outros que tais.
Abro logo com duas frases secas.
Os gratuitos são gratuitos, mas na maioria dos casos trazem aquilo que a gratuitidade paga, ou seja, nada. Inundam-nos de publicidade e referem pela rama, com uma qualidade duvidosa e um português que dia para dia se degrada mais, notícias, para informar o povo.
Os gratuitos estão a contribuir para a quebra das vendas dos pagos (mas não só, incluindo-se a internet como um dos principais motivadores à não compra de jornais). Por ventura, quem consome os gratuitos já não seria consumidor dos tradicionais, talvez. Há quem diga que, graças aos gratuitos as pessoas lêem mais. Mas se a McDonalds passasse a oferecer as refeições em troca de publicidade nos pacotes, a junk food passava a ser boa e o mais recomendável prato do dia?
Não gosto dos gratuitos por serem folhetins com aparência de grandes.
Mas a verdade é que todo o jornalismo nacional (e neste caso refiro-me em particular ao jornalismo dos jornais, a imprensa, muito embora as critícas sejam generalizaveis), no seu aspecto global, está cada vez pior. A qualidade do português não decresce só nos gratuitos. É por todo o lado. A falta de brio profissional e o tabloidismo entranha-se. Com excepção das crónicas, muitas das notícias vêm ou de outros orgãos de comunicação, muitos dos quais estrangeiros, ou das agências. Para copiar coisas da net, dêem-nos o endereço. Por duas vezes, salvo erro no Público online, já apanhei palavras, ou trechos, em espanhol.
Não gosto dos gratuitos, como já disse, mas se os tradicionais não se dignificam, também vou passar a deixar de gostar deles.
6 de outubro de 2006
“A camaradagem faz parte integrante da guerra. Tal como o álcool, apoia e conforta os homens obrigados a viver em condições desumanas. Torna tolerável o intolerável. Ajuda a superar a morte o sofrimento, a desolação. Anestesia. Conforta-nos pela perda de todos os bens da civilização que impõe. É justificada pelas terríveis necessidades e amargos sacrifícios. Contudo, separada de tudo isto, exercida apenas por si própria, pelo prazer e intoxicação, torna-se um vício. E pouco importa que traga um pouco de bem-estar. Corrompe e perverte os homens mais que o álcool e o ópio. Torna-os incapazes de uma vida pessoal, responsável e civilizada. É, no fundo, um instrumento de descivilização. (…)
Começando pelo essencial, a camaradagem aniquila totalmente o sentido de responsabilidade pessoal, quer seja cívica, ou mais grave ainda, religiosa. O homem que vive em camaradagem fica liberto de todas a s preocupações existenciais e do duro combate pela vida. Tem uma cama na caserna, comida e o uniforme. O seu quotidiano está pré-escrito de manhã à noite. Não necessita de se preocupar com nada. Deixa de estar submetido à lei do «cada um por si» , mas vive sob a suavidade generosidade do «todos por um». Uma das maiores falsidades reside em afirmar que as leis da camaradagem são mais duras que as da vida civil e individual. Define-se, ao contrário, por um amolecimento e só se justificam para os soldados presos numa guerra inevitável, para homens que enfrentam a morte. Só a ameaça da morte autoriza e legitima esta monstruosa isenção de responsabilidade. E sabe-se que até mesmo os mais corajosos guerreiros, quando repousam demasiado nas macias almofadas da camaradagem, mostram-se incapazes de enfrentar os duros combates da vida civil.
Muito mais grave é o facto de a camaradagem ilibar o homem de qualquer responsabilidade por si próprio, ante Deus e a sua consciência. Fazem o mesmo que todos os seus camaradas. Não lhes resta alternativa. (…) De facto, a camaradagem implica a estabilização do nível intelectual no escalão inferior, acessível ao menos dotado. A camaradagem não tolera discussão.”
Sebastian Haffner, A História de um Alemão